O 6º ano de Abrafarma Future Trends começou com casa cheia, superando todas as expectativas dos organizadores. A abertura do evento contou com autoridades da área de saúde, entre elas, Denizar Vianna Araujo, secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Um dos destaques de sua fala foi a afirmação de que o programa Aqui Tem Farmácia Popular não vai acabar; vai se modificar e se ajustar. Porém não deu detalhes de quais seriam esses ajustes.
O secretário citou também a capilaridade de farmácias e drogarias em todo o Brasil como um ponto positivo para a cadeia da saúde. “Os dados e as informações dos pacientes que podem vir a ser fornecidos futuramente ao Ministério da Saúde certamente contribuiriam com políticas de saúde exitosas e com o avanço da assistência farmacêutica no País”, disse.
Tecnologia e saúde na Abrafarma Future Trends
O tema tecnologia norteou o primeiro dia de evento. Na palestra “Transformação digital e o futuro da saúde”, o presidente do UnitedHealth Group Brasil e do Conselho do Hospital Albert Einstein, Claudio Lottenberg, destacou números do avanço tecnológico no mundo e mostrou como Big Data e Inteligência Artificial estão revolucionando o atendimento a pacientes.
“A abordagem hoje é centrada no paciente, que está em primeiro lugar. Ele anseia por soluções coordenadas, customizadas e acessíveis. Somente com essa nova abordagem, poderemos realmente engajar pacientes e indústria para revolucionar a história”, provocou o médico.
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Arena de ideias: vários temas em foco
A tecnologia vai aprimorar os diagnósticos e tratamentos, as experiências do usuário, o autoatendimento, a qualidade do serviço, o desenvolvimento de novas drogas e equipamentos, entre outros avanços.
No intervalo para o almoço, três arenas – Azul, Verde e Amarela – promoveram dez minipalestras ao todo sobre temas diretamente ligados à tecnologia e inovação. Os visitantes puderam escolher quais quiseram assistir. Um exemplo foi a palestra de Amyris Fernandez, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na Arena Azul, durante a qual falou sobre como as redes sociais podem virar o jogo das vendas.
Um dos pontos mais interessantes destacados na fala dela foi a mudança na forma de consumo. Antigamente, o consumidor ia à loja para procurar, experimentar e comprar um produto. Atualmente, ele pode iniciar o processo de compra no telefone, ir à loja em busca de experiência e voltar para casa, concluindo a compra pelo celular. São muitas as possibilidades.
Amyris destacou também o tempo que as pessoas passam olhando para as telas dos smartphones, tempo esse que, se bem aproveitado pela farmácia, pode gerar vendas. “É preciso ser bastante sedutor na comunicação para chamar a atenção do cliente, cada vez mais disperso”. Uma sugestão é trabalhar com os influenciadores digitais espontâneos, porque os pagos nem sempre trazem os resultados esperados. A título de curiosidade, o Instagram já ultrapassou a TV em resultados de vendas, ou seja, vale mais a pena anunciar na rede social do que na televisão.
Startups: tecnologia e saúde
O primeiro dia de Abrafarma Future Trends foi encerrado com a apresentação de cinco startups de tecnologia voltadas à saúde e ao varejo farmacêutico. A primeira delas apresentou uma ferramenta aplicada ao monitoramento do ponto de venda por meio do reconhecimento digital de imagens. Ela pode ser utilizada para monitorar as gôndolas, analisar sortimento de produtos, evitar rupturas, verificar aderência ao planograma, entre outras funções.
Em 2025, o mercado de realidade aumentada na saúde será de quase US$ 5,1 bilhões, com uma estimativa de 3,4 milhões de usuários em todo o mundo. Ela pode ser utilizada para promover produtos, treinar colaboradores, despertar a curiosidade e o interesse do consumidor, educar clientes engajados digitalmente, melhorar o processo de vendas, entre outros benefícios. Por meio da realidade aumentada, por exemplo, o cliente pode interagir com o produto no ponto de venda e aprender como tomar um medicamento.
Telemedicina na farmácia
A telemedicina também entrou em pauta. O médico cardiologista e CEO da Brasil Telemedicina, Carlos Camargo, definiu o termo como uma ferramenta que fornece acesso à saúde no formato virtual, suprindo a carência de milhões de brasileiros que vivem em áreas onde a distribuição de médicos é irregular, como nas regiões Norte e Nordeste do País.
Segundo ele, a capilaridade das farmácias somada ao atendimento médico remoto pode melhorar a qualidade de vida das pessoas e evitar que muitas delas dependam única e exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, são mais de 87 mil farmácias.
Entre as soluções de telemedicina para a farmácia, destacam-se o totem com análise de sintomas por inteligência artificial e a realização de exames com laudos e os laboratoriais, chamados de point of care tests, que, atualmente, não estão previstos pelas regras sanitárias em vigor.
Vale destacar que a norma que regula a telemedicina no Brasil é de 2002 e proíbe a prescrição por vias remotas. A versão mais atual da resolução, publicada em 2018, foi revogada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) devido a pressões da própria classe médica.
Entretanto, de acordo com Carlos Camargo, o atendimento remoto traz muitos benefícios para a farmácia, como mais serviços, mais satisfação do cliente, mais facilidade na dispensação do medicamento. Para os pacientes, a telemedicina representa mais acesso à saúde e mais adesão ao tratamento. Hoje, no Brasil, são 140 milhões de pessoas sem plano de saúde, 13 milhões com diabetes e 90 milhões com algum tipo de doença crônica. O que isso quer dizer? Que a farmácia tem um grande oceano azul a ser explorado.