O levantamento feito pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), mostrou que 97% dos farmacêuticos entrevistados apontam a falta de medicamentos. Entre os principais estão os antimicrobianos, como a azitromicina e os mucolíticos, utilizados para expectoração de muco. Os dados foram apresentados às vésperas do Dia Mundial da Saúde, celebrado todos os anos em 7 de abril.
Leia: AbbVie nomeia Ignacio Paz como novo Gerente Executivo
“Esta falta, infelizmente, tornou-se rotina, mas pode ser contornada. O investimento em toda a cadeia da indústria farmoquímica brasileira é uma das possibilidades para rompermos este ciclo de dependência externa. China e Índia assumiram a liderança mundial na produção de insumos após massivos investimentos e incentivos, que ajudaram a construir uma relação forte com a exportações”, comenta Marcelo Mansur, presidente da Nortec Química, fabricante de insumos farmacêuticos.
Atualmente, 95% dos IFAs utilizados em território nacional vem China e Índia. Por isso é estratégico que o Brasil tenha mais autonomia na produção de insumos e medicamentos.
Leia também: Farmácia Popular atualiza listas de medicamentos
Alerta antigo
O problema da escassez vem sendo alertado pela Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) e demais instituições do setor há mais de 10 anos. A pandemia, a crise dos contêineres, as variações dos combustíveis, guerras e demais situações que abalaram o equilíbrio das relações comerciais trouxeram reflexos para indústrias farmoquímica de todo o mundo.
Durante a pandemia, por exemplo, remédios básicos do cotidiano, como relaxantes musculares, anti-inflamatórios, broncodilatadores, antitérmicos, antibióticos, entre outros, faltaram nas prateleiras das farmácias, assim como outras drogas mais específicas como o caso dos setores de oncológicos e anestésicos.
“Além disso, temos também a questão da logística. Um navio com IFAs importados da China pode demorar 45 dias para chegar ao Brasil. No caso da Índia, esse prazo pode chegar a 60 dias. Em emergências, a exemplo da pandemia, este tempo pode ser prejudicial para toda a cadeia responsável pela produção de vacinas e outros medicamentos estratégicos para a população”, detalha Mansur.
Estoques e planejamento
O presidente da Nortec Química destaca a necessidade de investimento em políticas públicas e no planejamento de estoques, que podem auxiliar o país em tempos de crise.
“O estoque de IFAs e medicamentos essenciais é uma das ações que também podem auxiliar na acessibilidade destes produtos tanto na rede pública quanto privada. No momento, estamos com sinalizações positivas da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde (SECTICS), do Ministério da Saúde. Iniciamos a discussão de projetos que se tornarão os primeiros passos concretos para a criação do complexo industrial da saúde brasileiro”, finaliza Marcelo.