O portal de notícias G1 publicou, na manhã desta sexta-feira (4/9), que a vacina russa para a Covid-19 não teve efeitos adversos e induziu resposta imune, como indicam os resultados preliminares publicados na revista científica “The Lancet”. Os cientistas russos reconheceram a necessidade de mais testes que comprovem a eficácia da vacina.
Conhecida como Sputnik V, a imunização foi registrada em agosto na Rússia, mas a falta de evidências e estudos publicados sobre os testes deixou a comunidade internacional desconfiada. No Brasil, o governo do Paraná firmou uma parceria para desenvolver a vacina e, nesta sexta, informou que o pedido de registro da mesma à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve ser feito em até 10 dias. Os testes da fase 3 em solo brasileiro devem começar em um mês.
Resultados das fases 1 e 2
De acordo com os resultados publicados das fases 1 e 2, não houve nenhum efeito adverso até 42 dias após a imunização dos participantes, e todos desenvolveram anticorpos para o Sars-CoV-2 dentro de um período de 21 dias.
Cientistas do Instituto Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento da vacina, afirmaram que essa resposta foi maior do que a encontrada em pacientes que se recuperaram naturalmente. Ao todo, 76 pessoas foram testadas.
Os resultados também sugerem que a vacina produz resposta das células T, um tipo de célula de defesa do corpo, dentro de 28 dias. Os cientistas informaram que essa resposta indica não apenas uma resposta imune forte, mas também de longo prazo.
Expectativas
Julio Croda, infectologista da Fiocruz e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) entrevistado pelo G1, comenta que há estudos prévios que sugerem que uma resposta duradoura está ligada à imunidade celular e não ao anticorpo que circula no sangue: “Isso não é um fato novo dessa vacina, mas prova que essa vacina gera essa imunidade celular, que é duradoura”.
O especialista diz que o estudo publicado na revista científica mostra que a vacina russa parece produzir um nível de anticorpos um pouco menor do que a de Oxford, que já está sendo testada no Brasil: “Mas, definitivamente, só depois dos resultados da fase 3 dos testes a gente vai poder comparar essas diferentes tecnologias”.
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