Seis meses após o início da pandemia, o principal tema em discussão em todo o mundo é a produção de uma vacina eficaz contra o coronavírus. O setor farmacêutico já se prepara para todos os cenários possíveis, com ou sem vacina. O assunto foi apresentado no pré-evento online do Abrafarma Future Trends por Paulo Paiva, vice-presidente LATAM da Close-up International.
Cenário sem vacina
Caso a vacina não seja disponibilizada num futuro próximo, uma parcela da população, mesmo que pequena – principalmente a que consegue se manter em home office – continuará em isolamento social. Essa situação é desfavorável para o setor, pois impacta diretamente no consumo e número de unidades vendidas pelos estabelecimentos farmacêuticos, pois estando em casa as pessoas tendem a consumir menos.
“Se esse cenário se confirmar, o forte impacto que as grandes redes estão tendo durante este primeiro semestre de 2020, com queda nas vendas, permanecerá, pois as pessoas continuarão preferindo comprar em lojas que estejam localizadas em áreas residenciais, nesse caso, independentes e associativistas, que foram os subcanais que mais se beneficiaram durante a pandemia”, explica Paiva.
Os MIPs continuariam em queda, enquanto os medicamentos de prescrição se manteriam na média atual de vendas. Os não medicamentos (NMED) ainda subiriam, como vem acontecendo atualmente.
Leia matéria completa sobre o desempenho do canal farma durante a pandemia
O executivo da Close-up revela ainda que a relação entre representantes da indústria farmacêutica, médicos e pacientes continuará se fortalecendo no ambiente online, pois as visitas e consultas ainda não poderão ocorrer presencialmente.
Cenário com vacina e lenta imunização
“Na possibilidade de termos uma vacina, mas com imunização lenta de toda a população, acreditamos que haverá uma redução gradual do isolamento social ao longo de todo o ano de 2021, permanecendo em casa somente os que conseguem fazer home office. Para nós, essa é a opção mais possível de acontecer”, analisa Paiva.
O retorno das pessoas ao trabalho e às atividades diárias resultaria no aumento das demandas em lojas de grandes redes de farmácias, localizadas em grandes centros empresariais, o que poderia contribuir para reduzir a procura por drogarias que estão em locais mais residenciais ou em periferias das grandes cidades.
Em relação aos números, o executivo acredita que o cenário seria parecido com o anterior: MIPs continuariam em queda, medicamentos de prescrição se manteriam na média atual de vendas e não medicamentos (NMED) cresceriam.
As relações entre representantes da indústria, médicos e pacientes continuariam acontecendo fortemente no ambiente online, pelo menos até que todos sejam imunizados.
Cenário com vacina e rápida imunização
No terceiro cenário, o VP da Close-up mostra que haveria extinção total do isolamento social e atividades econômicas voltariam a acontecer no mesmo ritmo do período pré-pandemia. Além disso, as demandas nas grandes redes dos centros comerciais voltariam a crescer.
Sobre o desempenho das vendas, MIPs tenderiam a crescer, não medicamentos venderiam menos e medicamentos de prescrição seguiriam o ritmo normal de vendas.
Para Paiva, mesmo com toda a população imunizada, as reuniões com a indústria e a telemedicina ainda seriam incentivadas.