Por meio de uma técnica chamada de reposicionamento de fármacos, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) encontraram sete possíveis medicamentos para inibir a replicação do coronavírus. Os fármacos já são aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), o que facilitaria o avanço para testes clínicos caso haja eficácia comprovada in vitro. O trabalho foi publicado em agosto na revista científica Journal of Biomolecular Structure and Dynamics.
Foram testadas mais de 11 mil moléculas e selecionadas as que obtiveram maior afinidade com a enzima 3-chemotrypsin-like protease (3CLpro), alvo do estudo, e que registraram maior estabilidade dentro do sítio ativo da proteína. A 3CLpro é a principal protease do SARS-CoV-2 e é essencial para que o vírus consiga se replicar.
“Essas predições computacionais que fizemos elegeram sete moléculas que podem ser promissoras em testes em células. Se funcionarem in vitro, podemos vê-las sendo testadas em humanos. A vantagem de testar remédios que já existem no mercado é que os efeitos de toxicidade e efeitos colaterais já são amplamente conhecidos”, destaca a professora Cristiane Guzzo, coordenadora do estudo.
O alvo da pesquisa é diferente, já que geralmente focaliza-se a proteína Spike, que fica na superfície do vírus e é responsável pela interação com a célula receptora, dando início ao processo de infecção. “Escolhemos a 3CLpro porque já havia uma quantidade considerável de informação sobre ela, em razão de mais de 15 anos de pesquisa com a 3CLpro do SARS-CoV, referente à epidemia de 2002-2003”, revela Guzzo.
Os cientistas trabalharão para confirmar essas predições em experimentos bioquímicos. Caso a descoberta seja validada, a expectativa é estabelecer parcerias com outros laboratórios para testar os fármacos in vitro.
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