Regulamentada às pressas no último dia 20 de março, no Brasil, em decorrência do surto de coronavírus, a telemedicina teve um aumento gigantesco em seu número de atendimentos, passando a fazer parte da rotina de hospitais, operadoras e clínicas. Há casos em que a demanda pela consulta a distância aumentou sete vezes em 15 dias, conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com empresas que oferecem a modalidade.
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Crescimento do número de atendimentos
Segundo a pesquisa, os centros médicos que já ofereciam a telemedicina mesmo sem a aprovação do Conselho Federal de Medicina (CFM) tiveram um crescimento expressivo. Foi o caso do Hospital Albert Einstein, onde o número de atendimentos diários foi de 80 para 600.
O presidente do Einstein, Sidney Klainer, fala sobre as medidas para atender essa demanda: “Cerca de 450 dos atendimentos são por sintomas de Covid-19, e as outras 150 são de outras doenças. Estávamos com 100 médicos nesse projeto, mas estamos contratando e devemos chegar a 500”.
Entre esses atendimentos, estão pacientes beneficiários da Amil e da Care Plus – na primeira, os atendimentos subiram seis vezes, enquanto na segunda passaram de 100 por mês a 100 por dia. O diretor médico da Care, Ricardo Salem, comenta: “Já preconizávamos esse tipo de atendimento justamente em situações como essas, em que o deslocamento não é recomendado. Além da parceria com o Einstein para casos de pronto-atendimento, autorizamos todos os médicos credenciados a fazerem consultas a distância”.
Novos atendimentos
Outras empresas começaram a usar a tecnologia somente após a o Ministério da Saúde ter editado a Portaria nº 467/2020, como foi o caso da Doctoralia. Já na primeira semana, foram 5.170 consultas agendadas, subindo para 8.885 na seguinte. O CEO Cadu Lopes revela um aumento também no número de profissionais cadastrados: 3 mil: “Para atender pela nossa plataforma, os médicos precisam ter o CRM e o RQE (registro de especialista) validados”.
Sensação de insegurança
Ainda que tenha sido regulamentado temporariamente pelo Ministério da Saúde e pelo CFM, muitos médicos e pacientes se sentem inseguros, como afirma Antonio Carlos Endrigo, diretor de tecnologia da informação da Associação Paulista de Medicina (APM).
“A portaria do Ministério veio em boa hora, mas como não tínhamos normas prévias, os médicos estão perdidos. Alguns estão usando o que têm à mão para atendimentos, como WhatsApp e Skype, mas essas não são as melhores formas de garantir a privacidade dos dados”, afirma Endrigo.
Tenha atenção
Especialistas ressaltam que a telemedicina precisa seguir alguns protocolos e regras:
– Privacidade: opte por serviços que tenham plataformas próprias para a consulta em vídeo ao invés de aplicativos como WhatsApp, que têm maior risco de vazamento de dados;
– Profissionais: confira as credenciais do médico que fará seu atendimento por meio dos sites dos conselhos regionais de Medicina;
– Documentos: exija que as prescrições de medicamentos e atestados médicos sejam enviadas com a assinatura certificada digitalmente.