Crise financeira: preservação do caixa na iminência de queda nas vendas

O colunista Jorge Wilson Alves fala sobre como preservar o caixa das farmácias na iminência da crise financeira que ocorrerá nos próximos meses em decorrência da pandemia do coronavírus.
É importante estudar vendas por conta de crise financeira
Foto: freepik
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Em artigos anteriores, abordei as questões do impacto do volume de operações no capital de giro líquido e a necessidade de se manter reservas de liquidez para enfrentar os riscos do negócio. Neste artigo, pretendo, por meio de um exemplo muito simples, dimensionar o impacto de queda repentina das vendas na geração de caixa da empresa. Ocorre que esse é um cenário bastante provável para o varejo farmacêutico no curto prazo. Após um breve período de elevação das vendas devido à pandemia da Covid-19, espera-se por meses de recessão antes da recuperação econômica.

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Imaginemos uma farmácia que inicia seu ciclo operacional com a compra de R$ 100 mil em mercadorias para pagamento em 30 dias após a entrega. Suponha-se que essas mercadorias passem 30 dias em estoque até serem vendidas por R$ 150 mil através de cartões de crédito; que os recebíveis/faturas de cartões de crédito paguem 1% de comissão do estabelecimento e sejam antecipadas ao custo de 1% de taxa de antecipação. Além disso, ao final do mês, deve-se pagar R$ 10 mil de aluguel da loja, R$ 20 mil de despesas com pessoal e R$ 10 mil de outras despesas operacionais. Assim, vejamos o impacto no caixa ao final do mês, desconsiderando tributos.

  • Entradas de caixa com antecipação de recebíveis a menos 2%: + R$ 147 mil
  • Saídas de caixa para pagamento de mercadorias e despesas: (-) R$ 140 mil
  • Superávit de caixa (aumento das reservas financeiras de liquidez): + R$ 7 mil

Iniciando novo ciclo operacional, compra-se novo lote de mercadorias por R$ 100 mil com 30 dias de prazo para pagamento. Porém, após 30 dias de estocagem, verifica-se que as vendas tiveram queda de 10% em relação ao mês anterior, montando a R$ 135 mil apenas. Mantidas as demais variáveis, tem-se o seguinte resultado de caixa no mês.

  • Entradas de caixa: + R$ 132,3 mil
  • Saídas de caixa: (-) R$ 140,0 mil
  • Déficit de caixa: (-) R$ 7,7 mil

O exemplo, embora muito simples, reflete uma situação real de empresa do varejo farmacêutico. Daí, podemos fazer algumas considerações:

  • Mantido o volume e as condições operacionais do negócio, quedas nas vendas significarão consumo das reservas de liquidez da empresa;
  • Se a empresa não tiver reservas de liquidez para suportar o consumo do seu caixa, terá que buscar fontes adicionais de financiamento;
  • Quanto maior for a queda nas vendas e o tempo que perdurar, maior será o risco de quebra da empresa.

Concluindo, em resumo, recomendo o seguinte:

  • O planejamento financeiro da farmácia deve considerar o cenário macro e microeconômico em que atua para, com agilidade e tempestividade, reprogramar compras e fazer promoções de vendas, minimizando os impactos negativos da queda nas vendas no caixa;
  • Um bom planejamento depende da análise de dados e informações sobre o mix de vendas (Marca, Genérico, MIP, Perfumaria) e dos principais produtos;
  • Bons sistemas de tecnologia da informação podem prover informações de qualidade ao processo de planejamento e controle desde que sejam foco de atenção e investimento por parte do empresário farmacêutico.

Fica aqui o alerta: qual a projeção das vendas da sua farmácia para os próximos meses e que providências irá tomar?

Leia: Empresas simples de crédito e fintechs: a revolução do crédito

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Jorge Wilson Alves

Advogado e contador, Jorge entende um “bocado” sobre planejamento financeiro, avaliação de investimentos e negociação com bancos. Em sua coluna, Jorge dá dicas valiosas para as empresas manterem as contas no azul.
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