Erro por inércia! Será que esse é o seu caso?

Entre os diversos possíveis modos de tomar uma decisão errada no campo financeiro, há uma conhecida como “erro por inércia”.
Zona de Conforto
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No campo das ciências comportamentais, o estudo das decisões econômicas é um campo rico, onde se busca entender a lógica de tomada de decisão, seja do investidor/poupador, seja do consumidor. Entre os diversos possíveis modos de tomar uma decisão errada no campo financeiro (sim, foram mapeadas diversas), há uma conhecida como erro por inércia.

E o que seria isso? Seria o erro por se deixar ficar na zona de conforto, ou seja, por não querer mexer com algo que aparentemente está estável e seguro. Imagine, por exemplo, que seu pai tenha feito uma previdência em seu nome quando você nasceu e que, por muitos anos, esse dinheiro está lá, investido. Você cresceu, o tempo passou, mas aquele dinheiro continua lá, confortavelmente acomodado numa aplicação.

Então, um belo dia, você decide comparar seu produto de previdência com o de outros no mercado e, para sua surpresa, descobre que seu produto tem uma taxa de administração mais alta do que outros produtos semelhantes e, para sua surpresa, uma rentabilidade muito abaixo do CDI se comparado com outros fundos de previdência concorrentes.

Então aquele tempo todo em que você deixou o dinheiro confortavelmente parado serviu para remunerar muito bem alguém e fazer seu dinheiro render menos do que poderia. Bingo!

Erros por inércia acontecem nos mais diversos aspectos da vida: profissional, amorosa, cuidados pessoais (“minha barriga é bonita, deixa assim”) e, aqui voltamos ao nosso objetivo, principalmente nas decisões financeiras. Cursos sobre finanças pessoais e consultorias financeiras nos ajudam a “acordar para a vida” e sair da inércia, mas e se um robô de decisões financeiras pudesse nos ajudar? Será que erraríamos menos?

O surgimento dos robôs financeiros revolucionou o mercado financeiro. A capacidade de processar informações numa dimensão sobre-humana, a rapidez de decisão e, na maioria das vezes, um grau de acerto consistente puseram em evidência essa ferramenta composta por algoritmos e bytes.

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Um pesquisador se fez a seguinte questão: “se eu criasse um robô para, constantemente, ficar tirando o investidor da zona de conforto e avisar a ele que está errando por inércia, será que esse investidor cometeria menos essa modalidade de erro?”.

A resposta foi um sonoro SIM. A pesquisa demonstrou que nos grupos expostos a esses robôs e que, portanto, eram alertados a cada vez que se configurava um possível erro de investimento por inércia, houve um desempenho maior do que nos grupos de controle que não eram expostos ao robô.

O experimento ainda teve o refinamento de ter dois tipos de robô: um que simplesmente apresentava a solução imediata de investimento, aliado a informações técnicas, e outro robô mais, digamos, estridente que dava alertas na forma de sinais e mensagens alarmantes sobre o risco que o investidor corria de recair no erro por inércia.

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Desnecessário dizer que esse segundo robô teve um impacto maior nos grupos de estudo do que o robô mais “recatado”, que meramente sugeria a melhor solução de investimento. A natureza humana parece, às vezes, necessitar de um “chacoalhão” para acordar e sair da zona de conforto e, ao que parece, não é diferente nas decisões financeiras.

Há um óbvio paralelo entre o robô desse experimento e a figura do conselheiro ou dos consultores empresariais que servem para dizer as verdades inconvenientes e tirar empresários da zona de conforto. Será que você está errando por inércia em algum aspecto da sua empresa?

Mais informações sobre essa pesquisa neste link.

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Fernando Gaspar

Mestre em Administração, com especialização em Gestão pela McGill University e pós-graduação em Varejo. Em sua coluna, Fernando faz reflexões sobre gestão, operação de varejo e outras “cositas” mais.
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