Menos conhecido que outros canabinoides como THC e CBD, o cannabigerol (CBG) vem ganhando atenção e popularidade nos últimos anos na Europa e no Canadá. Com ampla atuação no metabolismo e efeitos anti-inflamatórios potentes – associados à redução do estresse, aumento da concentração e da sensação de bem-estar, o CBG não possui efeitos psicoativos e é geralmente indicado em tratamentos multimodais, ou seja, junto a outros medicamentos e ações terapêuticas.
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Conhecendo a importância do medicamento, a Thronus Medical, empresa canadense liderada por uma brasileira, traz ao Brasil uma nova opção terapêutica à base da substância. O CBG Full Spectrum (ou seja, o fármaco com a forma de extração que preserva todos os compostos da planta cannabis sativa) agora pode ser adquirido por meio da importação seguindo a RDC 660/2022. A autorização de importação, por pacientes, foi concedida pela Anvisa.
Encontrado na planta em menor quantidade que outros canabinoides, o CBG é indicado para tratamentos de transtornos do humor, como depressão crônica, doenças neurodegenerativas e do sistema nervoso em geral, bem como controle da inflamação. Além de atuar na percepção de dor, possui efeito antibacteriano, antifúngico e, em novos achados científicos, pode prevenir a proliferação celular.
A “mãe” de todos os canabinoides
A substância é considerada a “mãe” dos canabinoides, já que todos são derivados da forma ácida do CBG. “Podemos encontrar mais de uma centena de canabinoides na planta da cannabis sativa. O cannabigerol, embora ainda seja um composto menos conhecido do público em geral, tem um potencial terapêutico importantíssimo – e a ciência já sabe disso há algum tempo. Além de seus efeitos próprios, reduz o metabolismo da anandamida e consegue atuar em vias distintas dos canabinoides mais conhecidos, contribuindo para um efeito benéfico adicional e potencializando tratativas terapêuticas”, explica a Dra. Mariana Maciel, diretora médica e CEO da Thronus Medical.
O ácido canabigerólico é parte integrante da produção de CBD e THC da planta. Na cadeia de biossíntese de canabinoides, o CBGA é convertido em THCA e CBDA, que se transformam em THC e CBD, respectivamente. Por isso, é possível dizer que o CBG é precursor de outros canabinoides.
Algumas patologias e síndromes que o CBG pode atuar:
– Autismo;
– Parkinson;
– Depressão Crônica;
– Esclerose Lateral Amiotrófica;
– Dor crônica;
– Doença Inflamatória Intestinal;
– Síndrome metabólica.
Nanotecnologia aplicada à farmacologia
O CBG Full Spectrum hidrossolúvel da Thronus é mais um produto com a tecnologia PowerNano. O desenvolvimento da ciência nanomolecular torna possível o aumento da absorção e eficácia dos fármacos em até dez vezes em relação aos óleos e fórmulas convencionais da cannabis, pelos quais apenas cerca de 6% a 8% dos princípios ativos das substâncias extraídas da planta atingem a circulação sistêmica dos humanos.
“São números baixos em relação ao potencial da planta”, explica Dra. Mariana, criadora da tecnologia.
Óleos de CBD tradicionais têm baixa absorção porque se diluem pouco no aparelho digestivo. “Nosso organismo, constituído principalmente de água, tem dificuldade em absorver óleos”, diz a especialista. Além disso, os óleos de CBD tradicionais são compostos por moléculas grandes que, somadas à alta metabolização hepática dos princípios ativos, se tornam mais um dificultador para uma boa absorção. Considerada revolucionária pelo mercado, a tecnologia PowerNano tornou possível a redução de partículas de cannabis a cerca de 17 nanômetros, além do encapsulamento dessas moléculas em uma solução hidrossolúvel.
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Na prática, o fármaco aumenta a absorção efetiva dos princípios ativos e os efeitos podem ser até 10 vezes mais rápidos. A depender do ativo, o tempo de início de ação diminui consideravelmente, enquanto a biodisponibilidade pode chegar a 80%. “O tempo de ação, que em óleos tradicionais pode chegar a duas horas, acontece entre dez e trinta minutos. É uma consideração muito importante, especialmente em casos como os de epilepsia, quando cada segundo de crise traz mais sequelas ao paciente”.
Inovação rende integração à Society of Cannabis Clinicians e prêmio
A inovação científica rendeu à Mariana Maciel, diretora-médica responsável pelo desenvolvimento da tecnologia médica, a integração à Society of Cannabis Clinicians, uma organização sem fins lucrativos norte-americana dedicada a educar profissionais de saúde sobre o uso médico da cannabis. A médica também foi listada pela Kaya Mind – entidade que é autoridade quando o assunto são dados e informações sobre o mercado de cannabis no mundo – como executiva referência no setor em 2022.