As mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil, conforme revela uma pesquisa da FIA Business School publicada na Forbes Brasil. Já o Panorama Mulheres, estudo realizado pelo Talenses Group em parceria com o Insper, aponta que as mulheres representam 17% das CEOs no país. A seguir, compartilhamos a história de uma grande empresa liderada por grandes mulheres.
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A Dermage foi fundada, no Rio de Janeiro, em 1990, pela empresária Lisabeth Braun. Ao longo dos anos, expandiu-se e atualmente é uma empresa com 32 lojas próprias, 40 franquias e 200 SKUs em seu portfólio de produtos, também atuando como fornecedora de dermocosméticos para outras farmácias do Sudeste e marcando presença em mais de oito mil pontos de venda. Neste ano, a marca chegou a Portugal e à Colômbia.
Ilana Braun, filha de Lisabeth e CEO da Dermage, concedeu entrevista exclusiva à Revista da Farmácia, relembrou o nascimento da empresa, revelou como conseguiu expandir para o exterior e adiantou informações sobre os projetos para 2025. Leia a entrevista abaixo:
Revista da Farmácia: Ilana, depois de todos esses anos, como você relembra a história da Dermage?
Ilana: Minha mãe, Lisabeth Braun, formou-se em Farmácia e tornou-se farmacêutica-bioquímica. Ela foi sócia de uma farmácia de manipulação e, anos depois, decidiu deixar a empresa para abrir o próprio negócio. Em 1990, fundou a Dermage, que, na época, era uma rede de farmácias de manipulação com foco em dermatologia. Com apenas quatro lojas, a empresa já realizava um trabalho muito próximo aos dermatologistas. Nesse período, minha mãe percebeu muitas oportunidades de crescimento, pois o mercado de dermocosméticos ainda não era tão desenvolvido. Diante disso, investiu em dosagens diferenciadas e produtos específicos para os pacientes. Aos poucos, a empresa foi aumentando o número de lojas, funcionários e clientes, e ganhando notoriedade no mercado. Com o crescimento da demanda, ela decidiu buscar parceiros para industrializar os produtos.
Revista da Farmácia: Você deixou seu emprego no mercado financeiro para se dedicar ao negócio da família. Como foi sua transição para o varejo farma?
Ilana: Antes de entrar no negócio da família, me dediquei aos estudos. Estagiei, me formei e trabalhei na área financeira por oito anos. Durante minhas férias, resolvi auxiliar minha mãe na empresa que ela havia criado com tanto amor. Passei um mês trabalhando com ela e não tive dúvidas: era o que eu queria para mim. Em 2014, fizemos uma pesquisa e identificamos que o consumidor enxergava a farmácia como um local de compra de skincare e produtos de cuidados diários. Vimos que não estávamos nesses locais. Por isso, montamos um novo time, contratamos pessoas com conhecimento e desenvolvemos um trabalho para comercializar nossos produtos nesses estabelecimentos.
Revista da Farmácia: Após sua mudança de carreira, você se tornou CEO da Dermage. Quais foram os principais desafios que conseguiu superar? Poderia destacar algum?
Ilana: O principal desafio foi e continua sendo a gestão de pessoas. É um trabalho contínuo e muito desafiador. Recrutar, reter e motivar a equipe são tarefas difíceis para qualquer líder. Por isso, investimos bastante na comunicação interna, utilizando uma intranet e promovendo reuniões de engajamento.
Revista da Farmácia: Ilana, 90% dos colaboradores da Dermage são mulheres. Por que a empresa prefere investir em mão de obra feminina?
Ilana: A Dermage foi fundada por mulheres empreendedoras. Quando olhamos para o Brasil, percebemos que o percentual de mulheres em cargos de liderança é muito baixo. Além disso, nossos produtos são voltados majoritariamente para o público feminino. Sabemos que as mulheres têm mais facilidade em entender as necessidades de outras mulheres.
Revista da Farmácia: A Dermage planejava expandir para o exterior. Vocês conseguiram realizar esse desejo?
Ilana: No ano passado, conseguimos entrar na Colômbia e em Portugal. Nossos produtos já estão em cerca de 40 farmácias no país europeu. Não foi tão simples, pois os procedimentos regulatórios da Anvisa exigiram quase dois anos de preparação. Identificamos diferenças entre a pele dos europeus e a dos brasileiros. No Brasil, as pessoas têm a pele mais oleosa, então comercializamos mais filtros solares. Em Portugal, vendemos mais produtos para o frio, como hidratantes para pele ressecada.
Revista da Farmácia: Poderia compartilhar conosco as principais conquistas da Dermage em 2024?
Ilana: Lançamos novos produtos e abrimos lojas próprias em Campinas (SP) e Salvador (BA). Também desenvolvemos o Skincare Room, um espaço, em algumas lojas, onde são oferecidos serviços como massagens e limpeza de pele, todos chancelados por dermatologistas. Esses serviços, disponíveis em 17 unidades, registraram um aumento de 60% na procura.
Revista da Farmácia: A Dermage promove ações voltadas para comunidades carentes?
Ilana: A Dermage acredita na importância de contribuir para o desenvolvimento social do nosso país. No ano passado, realizamos diversas ações sociais, oferecendo acesso a atendimentos e tratamentos dermatológicos. Na favela do Cantagalo (RJ), por exemplo, promovemos consultas dermatológicas para mais de 100 pessoas. Identificamos casos de melanoma, um tipo de câncer de pele, em pacientes que nunca haviam recebido atendimento dermatológico. Oferecemos nossos produtos para tratamento e, em alguns casos, encaminhamos os pacientes para hospitais.
Revista da Farmácia: Ilana, poderia nos contar um pouco sobre os projetos da Dermage para 2025?
Ilana: Planejamos inaugurar três lojas até março em Belo Horizonte (MG) e expandir para países como Peru, Paraguai e México. Nossa meta é abrir cerca de seis unidades por ano, ampliar nossa presença nos pontos de venda das principais farmácias do Brasil e aumentar em 15% o número de franquias. Além disso, vamos investir em novas linhas de produtos, incluindo a categoria capilar e a linha de maquiagem.

Revista da Farmácia: Como a Dermage planeja investir no digital?
Ilana: Em 2024, começamos a testar, no site, a versão beta da Skin Code, uma ferramenta de análise da pele que avalia as características faciais e sugere cuidados e rotinas personalizadas. Vamos lançá-la no primeiro semestre de 2025 e implementá-la nos pontos de venda. Também planejamos investir em redes sociais, aprimorar o e-commerce e desenvolver um aplicativo próprio.
Revista da Farmácia: Os produtos veganos estão ganhando mais espaço nas farmácias. A Dermage já investe pesado nesse nicho?
Ilana: Cerca de 99% dos nossos produtos são veganos e possuem o selo PETA, que atesta que não foram testados em animais. Valorizamos os itens veganos, mas a eficácia é nossa prioridade. Apenas um de nossos produtos, as gomas de colágeno, não é vegano.
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