A crise sanitária da pandemia trouxe desafios econômicos para diversos setores, mas os empreendedores do varejo farmacêutico souberam se reinventar através de novas estratégias para ampliar suas receitas.
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Para contextualizar, em 2020, o Brasil já se posicionava como o sexto maior mercado farmacêutico globalmente, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com vendas que atingiram R$ 79,2 bilhões apenas entre janeiro e julho deste ano. Em 2022, observou-se um crescimento de 16,2% em relação a 2021. O país finalizou o ano anterior com um total de 90.907 farmácias, gerando um movimento financeiro de R$ 184,22 bilhões. Segundo a IQVIA, para 2023, indicam um possível crescimento de até 10,5% para o setor.
Com essa perspectiva, espera-se que o segundo semestre continue a trajetória ascendente já notada anteriormente. Aqui estão cinco pontos cruciais para o setor:
Testes rápidos para várias doenças
A partir de 1º de agosto deste ano, as farmácias de todo o país poderão fornecer testes rápidos para várias doenças. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou no mês de maio a norma RDC 786, que agora permite ao segmento a realização de exames de análises clínicas (EACs), que fornecem resultados na hora e no local, sem necessidade de envio de amostras para um laboratório externo. São ao menos 47 testes que poderão ser feitos nos estabelecimentos, como de dengue, zika, hepatites, HIV, sífilis, glicose, colesterol, PSA (próstata), Beta-HCG (gravidez), ácido úrico, entre outros. A atual resolução vai ao encontro da nova realidade tecnológica, levando em consideração a evolução do setor de diagnósticos.
Fortalecimento do Associativismo
Hoje, o grande varejo farmacêutico já entendeu a importância de expandir, sobretudo no mundo digital. Os estabelecimentos independentes, no entanto, precisam começar uma movimentação para não se perderem no caminho rumo à transformação. Nesse sentido, o Associativismo tem crescido com a proposta de suporte na estruturação para torná-los competitivos. O setor vem buscando cada vez mais soluções para melhorar a performance, rentabilidade e operação das farmácias, e o Associativismo tem se colocado como um importante agente nesse sentido.
Parcerias com soluções validadas
O consumidor tem buscado cada vez mais serviços práticos, rápidos e eficientes, e para ampliar e diversificar os negócios, contar com parceiros que já desenvolveram soluções prontas e validadas para o varejo farmacêutico também é uma tendência em alta. Começar com uma nova oferta de forma estruturada aproveitando o conhecimento adquirido de empresas estabelecidas, além de diminuir os riscos de perda de tempo e recursos, evita-se o risco de infringir normas da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), sanitárias dentre outras que podem causar prejuízos financeiros e atingir a reputação do estabelecimento. O mercado está levando a Farmácia para um novo momento e a parceria certa trará mais segurança na jornada.
Controle de Estoque e Sortimento
Após o término da pandemia e a transformação dos padrões de compra, o setor farmacêutico teve que revisar sua operação, adaptando estoque e variedade de produtos. Notadamente, o segmento de vitaminas, que experimentou um aumento expressivo nesse período, passou por reajustes no período pós-Covid, levando as farmácias a reavaliar suas ofertas e estoques. Em um contexto de altas taxas de juros, a gestão eficiente do estoque torna-se crucial para a estabilidade financeira do varejo. Atualmente, há disponíveis dados de vendas segmentados por região, que orientam o varejista sobre o que e quanto adquirir. Comprar de maneira estratégica sempre foi relevante, mas agora é ainda mais imperativo.
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Ampliação na oferta de vacinas
No primeiro semestre do ano, houve o crescimento de 189% na quantidade de vacinas aplicadas em farmácias, em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a plataforma Clinicarx. O percentual foi o maior já registrado no setor. Entre janeiro e junho, as farmácias aplicaram mais de 146 mil doses. Destaque para a vacina da gripe, seguida da meningite B e pneumocócicas. Com novos imunizantes entrando nesse radar, os mais recentes contra o herpes-zóster e a dengue, a tendência segue rumo a bons resultados, na prevenção e erradicação de mais doenças que podem ser evitadas com o fortalecimento da imunidade.
Por Oscar Basto Jr, Diretor de Varejo e Distribuição da InterPlayers e Cassyano Correr, fundador da Clinicarx.