O consolidado Abrafarma Future Trends realizou o pré-evento de sua sétima edição nesta quarta-feira (9/9). O congresso, que acontecerá totalmente online por conta da pandemia da Covid-19, recebeu em seu painel inicial dois especialistas do varejo farmacêutico: Sydney Clark, vice-presidente sênior de Consultoria e Tecnologia do IQVIA na América Latina; e Paulo Paiva, vice-presidente LATAM da Close-up International, para falar sobre os desafios e as oportunidades no mercado pós-pandemia de coronavírus.
Valores totais
Sydney Clark, do IQVIA, iniciou sua apresentação falando sobre os números do mercado farmacêutico. Nos 12 meses móveis terminados em julho de 2020 (MAT 2020), os números chegaram a 180 bilhões de reais, sendo 133 bilhões do varejo farma e 47 bilhões do mercado non-retail.
Em julho de 2020, foram comercializadas 2,2 bilhões de unidades de MIPs e produtos de consumer health e 1,7 bilhão de medicamentos de prescrição. Na comparação com o mesmo período de 2019, houve respectivamente crescimento de 11,1% e 10,2%.
O VP do IQVIA mostrou ainda que a taxa de crescimento do varejo farma brasileiro é uma das mais altas do mundo: em julho de 2020, subiu 11% no número de unidades e 13% no número de vendas em moeda local. Os Estados Unidos, por exemplo, tiveram uma queda 8% em unidades e um crescimento de 6% nas vendas em dólar.
Boom de vendas
Paulo Paiva, da Close-up, fez um apanhado geral do mercado no primeiro semestre de 2020, destacando, principalmente, o mês de março, quando ocorreu um “boom” de vendas em farmácias e drogarias, em especial nas que estão localizadas em bairros e periferias das cidades.
O mercado em geral chegou a crescer 28% em unidades em março deste ano no comparativo com o mesmo período de 2019. Em janeiro e fevereiro, esse crescimento havia sido de apenas 4,4%. Nos meses seguintes, abril e maio, esse acréscimo chegou a apenas 3%; e em junho e julho alcançou taxas de 7%, sempre em comparação com mesmo período de 2019.
Em relação ao faturamento, março teve índice semelhante ao de unidades (28%), mas os dois meses anteriores – janeiro e fevereiro – cresceram 12,4% em relação ao mesmo período de 2019. Na sequência, abril e maio, as vendas em reais caíram significativamente para 1,2% e 3% respectivamente. E, em junho e julho, esses percentuais chegaram a 9,9% e 10,2% se comparados com o faturamento dos mesmos períodos em 2019.
Segundo Paiva, cinco meses após a pandemia, é possível observar sinais de estabilização da demanda e volta do crescimento perto dos mesmos patamares antes da crise. Para se ter uma ideia, em 2018 e 2019, a média trimestral de crescimento foi de 9,9%.
Levando em consideração as categorias, os MIPs tiveram aumento de 43,7% nas vendas em reais com desconto em relação a março de 2019, porém apresentaram queda brusca durante o restante do período de isolamento social, chegando a taxas negativas.
“O mercado OTC (MIPs) ainda não conseguiu se recuperar da queda durante o período do isolamento. Em casa, as pessoas se protegeram mais e não ficaram gripadas ou resfriadas, fazendo com que a procura por esses produtos fosse altamente impactada durante o inverno”, analisa Paiva.
Os não medicamentos (NMEDs), ao contrário, tiveram excelente performance, chegando a manter taxas mais estáveis de crescimento. Em março, cresceram 19% em relação a março de 2019, caindo em abril para apenas 2%. No entanto, nos meses seguintes – maio, junho e julho – obtiveram taxas de crescimento de 10,4%, 19,3% e 18,3%. Esse desempenho é explicado em grande parte pelo alto consumo de vitaminas por parte da população, que buscava se proteger elevando a imunidade.
Por fim, os medicamentos sob prescrição (MPX) tiveram performance intermediária, crescendo 27,9% em março, caindo para 1,7% e 0,1% em abril e maio e passando a 8,6% e 9,4% em junho e julho respectivamente, sempre em comparação com o mesmo período de 2019.
Modelos de farmácias
O isolamento social foi responsável pela elevação das vendas em farmácias independentes e associativistas, que cresceram 37,5% e 41% respectivamente em março de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019, enquanto as grandes redes tiveram crescimento de apenas 20%.
Entre abril e junho, as independentes e associativistas apresentaram queda, mas, ainda assim, mantiveram boa performance , com percentuais de crescimento variando de 6% a 21%. As grandes redes, por sua vez, continuaram com números bem abaixo do esperado. Para se ter uma ideia, abril, maio e junho apresentaram queda no faturamento de -4,8%, voltando para resultados positivos somente no mês de julho, quando houve a reabertura de shoppings e áreas comerciais (3,5%).
Segundo o VP da Close-up, esse cenário favorável às independentes e associativistas se deve à aceleração do crescimento do consumo em áreas residenciais, onde esses dois subcanais estão mais concentrados. As grandes redes, por estarem mais localizadas nos grandes centros urbanos e em áreas comerciais, foram as mais impactadas.
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