Entre 2019 e 2023, mais de R$ 2 bilhões em insumos comprados pelo Ministério da Saúde, como medicamentos e vacinas, foram jogados no lixo ou incinerados por não serem usados dentro do prazo de validade. Os dados são da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados e alertam para a necessidade de controle de estoque e logística dos medicamentos, garantindo a entrega segura e de qualidade à população.
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Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), todo negócio precisa de uma cadeia de suprimentos para evitar desperdícios e aumentar os resultados. Planejamento, controle de qualidade, gestão de armazenamento e de distribuição são necessários para que o processo ocorra de maneira correta.
A indústria farmacêutica não é diferente. Desde a produção até a entrega ao paciente, cada etapa precisa ser coordenada para garantir a integridade e a disponibilidade dos produtos, reduzindo riscos de contaminação, alteração e danos durante o transporte.
Software auxilia no enfrentamento de desafios do setor
O setor das indústrias farmacêuticas enfrenta diversas dificuldades de logística, como a complexidade da cadeia de fornecimento, que envolve múltiplos distribuidores e fornecedores, e as regulamentações rigorosas, tanto nacionais quanto internacionais.
A gestão de suprimentos deve garantir que todos os produtos atendam a requisitos de verificação e documentação, obedecendo a padrões de segurança. Para saber o que é permitido ou não no segmento, é necessário conhecer a legislação e estar a par das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do setor.
O uso de um sistema de gestão industrial permite o monitoramento contínuo, a automação dos processos e o desenvolvimento de ações embasadas em informações reais, conforme destaca o Sebrae.
Esses softwares são conhecidos como ERP, sigla em inglês para Enterprise Resource Planning, e criam uma visão mais detalhada dos processos para que os gestores tomem decisões embasadas, a partir do índice de rotatividade de estoque e dos custos logísticos. Eles também possibilitam o controle dos lotes e prazos de validade dos produtos, reduzindo as perdas ao priorizar aqueles que já estão se aproximando da data de vencimento.
Controle de estoque diminui perdas ou falta de suprimentos
Equilibrar a oferta e a demanda de suprimentos é essencial para a gestão de estoque no setor da indústria farmacêutica. De acordo com o Ministério da Saúde, o controle garante a regularidade do abastecimento, elimina perdas e desperdícios e fornece subsídios para determinar o que é necessário adquirir.
Um desafio da administração de materiais, como aponta o órgão, é o dimensionamento correto da quantidade. Para manter a regularidade no abastecimento da rede de serviços, é necessário utilizar instrumentos para registro das informações, que facilitam o monitoramento.
Os módulos e sistemas de Material Requirements Planning (MRP) são alternativas usadas pelo setor. Eles calculam a quantidade de materiais que a indústria precisa para atender ao plano de produção e às demandas de clientes.
Um dos benefícios do MRP é propiciar um planejamento mais preciso ao dimensionar o Tempo de Reposição ou Ressuprimento (TR), que é o período decorrido desde a solicitação da compra até a entrega. Dessa forma, é considerado o tempo gasto na emissão do pedido, na tramitação do processo de compra e na entrega do fornecedor.
Uso da Inteligência Artificial agiliza os processos
De acordo com o Sebrae, o uso da Inteligência Artificial (IA) nas indústrias farmacêuticas também é uma possibilidade que confere vantagens, pois as empresas do setor aumentam a produtividade, os ganhos e a competitividade no mercado.
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A tecnologia pode ser aplicada nas operações a partir da integração de dispositivos e maquinários com soluções inteligentes, a fim de otimizar a linha de produção. Isso gera maior automação do fluxo de trabalho e otimização das atividades, contribuindo para maior precisão dos resultados e a redução dos custos.
A partir da análise baseada em dados e do acompanhamento de mudanças regulatórias, a IA pode ajudar também a obter avaliações sobre o desempenho operacional e a identificar novas oportunidades.