A EMS obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção de dois medicamentos inovadores à base de liraglutida: Olire, para o tratamento da obesidade, e Lirux, voltado ao controle do diabetes tipo 2. Ambos os produtos, classificados como análogos de GLP-1 – peptídeos de alta tecnologia – estarão disponíveis nas farmácias brasileiras a partir de 2025.
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Com a conquista, oficializada pelo órgão na terça-feira (24/12/2024), a EMS se torna a primeira farmacêutica 100% brasileira a ingressar no mercado global de análogos de GLP-1, competindo diretamente com gigantes internacionais do setor. A empresa também é pioneira no Brasil ao obter autorização para fabricar e comercializar essas moléculas tanto no mercado interno quanto no exterior.
Para Carlos Sanchez, Presidente do Conselho de Administração da EMS, a conquista representa um marco histórico para a companhia, que completa 60 anos e alcança um novo patamar no segmento farmacêutico nacional e mundial. “Desenvolvemos um produto no país, com tecnologia brasileira, do zero. Vamos fabricar desde a matéria-prima até o produto acabado, reforçando nossa posição de liderança no mercado farmacêutico brasileiro com produtos de alta qualidade e de grande impacto”, destaca.
Internacionalização
A inovação é atualmente a principal estratégia da empresa para ganhar relevância global, com pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e posterior registro e aprovação por agências regulatórias no Brasil e no exterior. De acordo com a companhia, as novas terapias anunciadas estão alinhadas à sua fase de internacionalização, que segue em uma rota acelerada de investimentos para concorrer no mundo com medicamentos complexos, de qualidade e revolucionários para o mercado e a saúde pública.
Carlos Sanchez afirma que a expectativa é comercializar essas moléculas de liraglutida também no exterior. “Daqui a oito anos, o grupo poderá faturar US$ 2 bilhões no exterior e outros US$ 2 bilhões no Brasil”, afirma.
Segundo levantamento da Barclays, o setor de medicamentos para combater a obesidade pode movimentar até US$ 199 bilhões anualmente nos próximos anos. Só em 2022, as vendas do medicamento de referência para diabetes tipo 2 movimentaram mais de US$ 6 bilhões no mundo até agosto de 2023.
Tecnologia de ponta
Olire, indicado para o tratamento da obesidade e sobrepeso com comorbidades, e Lirux, indicado para diabetes tipo 2, reproduzem o GLP-1, um hormônio fisiológico produzido pelo intestino (incretinas) e liberado na presença de glicose. Esse hormônio sinaliza ao cérebro que estamos alimentados, diminuindo o apetite. Ele aumenta os níveis de insulina e equilibra os níveis de açúcar no sangue.
Esses medicamentos, de inovação incremental, são fabricados por meio da UltraPurePep, a mais moderna tecnologia existente para criar a nova geração de análogos de GLP-1, proporcionando alto grau de pureza e rendimento.
Nova Fábrica
Os medicamentos Olire e Lirux já estão sendo fabricados em fase piloto na nova unidade fabril do Grupo NC, Rio Biofarmacêutica Brasil Ltda (RBBL), instalada em um espaço de 2,5 mil m² dentro da própria sede da farmacêutica EMS, em Hortolândia (SP), cuja inauguração ocorreu em agosto de 2024.
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A RBBL é uma unidade fabril altamente tecnológica, que terá capacidade para produzir, por ano, 20 milhões de unidades de canetas injetáveis contendo esses medicamentos. A partir de março de 2025, a expectativa é dobrar a produção para 40 milhões de unidades.
Somente a fábrica demandou um investimento de R$ 70 milhões – desse total, R$ 48 milhões provenientes do financiamento com o BNDES, em contrato assinado em 2020. A nova unidade fabril vai gerar 150 novos empregos e cerca de outros mil postos de trabalho de forma indireta.
De acordo com a empresa, o grande diferencial é justamente a tecnologia embarcada, que usa matéria-prima sintética (peptídeo químico) e permite um alto teor de pureza. A dose de Lirux é de até 1,8 mg ao dia; e a de Olire, de até 3 mg ao dia.