Farmácias têm novos desafios diante da Covid-19 e do surto de gripe

Explosão de casos de Covid-19 e gripe impacta farmácias devido à busca por testes rápidos e produtos para combater sintomas gripais.
Farmácias têm desafios neste começo de ano, inclusive com testes rápidos
Foto: shutterstock
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As festas de final de ano comprovaram o que muitos especialistas já previam: o crescimento exorbitante de casos de Covid-19 e também de gripe, já que muitos estados do Brasil estão convivendo com um surto de Influenza devido à variante H3N2.

Sendo parte fundamental da estrutura nacional de saúde, as farmácias e drogarias precisam estar preparadas para lidar com o aumento da procura por atendimento farmacêutico, por testes rápidos e por medicamentos e produtos que combatam os sintomas em comum da gripe e da Covid-19, como dor de garganta, tosse, coriza e dor de cabeça.

Procura por testes rápidos cresce fora do normal

A procura por testes rápidos seguiu a tendência de crescimento dos casos e explodiu nas duas primeiras semanas de janeiro. “Em dezembro, tivemos um pico e agora, em janeiro, estamos tendo recorde de testagem de toda a história da pandemia. Nunca vimos uma procura tão grande como nessas primeiras semanas do ano”, afirma Cassyano Correr, fundador e CEO da Clinicarx e consultor técnico da Abrafarma.

Um levantamento da Abrafarma divulgado nas redes sociais mostra que entre os dias 3 e 9 de janeiro, 482.126 pessoas fizeram teste para a doença em farmácias, um aumento de 70% em comparação à semana anterior. Desse total, 145.673 positivaram. 

A Farmácia do Leme, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, é um dos estabelecimentos que oferecem o serviço. Ricardo Valdetaro, proprietário da loja e vice-presidente da Ascoferj, comenta: “A procura está tão grande que alguns fornecedores já estão sem estoques para nos enviar. E os resultados dos testes nos preocupam: dos últimos 100 que realizamos, 40% foram positivos para Covid-19”. 

Boa oportunidade para farmácias

Segundo o CEO da Clinicarx, as farmácias que ainda não oferecem os testes precisam agilizar, pois estão perdendo a oportunidade de prestar um melhor serviço à população e de aumentar a lucratividade da empresa.

Os estabelecimentos que possuem sala de serviços farmacêuticos e desejam oferecer o teste rápido não precisam fazer nenhuma alteração na licença sanitária, pois está permitido em legislação: a RDC 377/2020 autoriza a realização dos testes de Covid-19. Já os testes em conjunto de Covid/Influenza não são abarcados por essa legislação, mas, de acordo com a RDC 302/2005, podem ser realizados desde que a farmácia faça a emissão do laudo vinculada a um laboratório.  A farmácia deve atender o paciente, registrar dados dentro de um software e emitir laudo o para o paciente. 

Orientação farmacêutica

A partir da realização dos testes rápidos, o farmacêutico deve fazer a orientação e o encaminhamento do paciente. “O teste é um recurso para diferenciar os sintomas, avaliando se pode ser Covid, Influenza ou os dois. É feito no ambiente do consultório, dentro da farmácia, em ambiente privativo e com toda a segurança que a gente já está acostumado – máscara, paramentação, ambiente higienizado. O farmacêutico faz o teste com cotonete, SWAB Faringe ou Nasal e o paciente recebe o laudo em 15 minutos, podendo levá-lo ao médico, ao hospital, ao trabalho”, esclarece o consultor da Abrafarma.

Venda de produtos para gripe

Em relação aos produtos mais vendidos nessas primeiras duas semanas do mês, é possível comprovar que a população quer combater os sintomas da gripe. Destacam-se comprimidos antigripais, xaropes, pastilhas para garganta, vitaminas e produtos para expelir secreções pulmonares. “Depois que passam por consultas médicas, os pacientes vêm em busca de antibióticos e anti-inflamatórios também”, revela Ricardo Valdetaro. 

O proprietário da Farmácia do Leme conta que, só entre os dias 1º e 6 de janeiro, a venda desses itens subiu mais de três vezes na comparação com o mesmo período do mês de dezembro de 2021. “Estamos nos organizando e aumentando as quantidades dos pedidos aos distribuidores e fornecedores. Quando não encontramos os produtos de marca, pedimos similares e genéricos para que não tenhamos falta”, afirma. 

Autoteste de Covid-19

Na manhã desta sexta-feira (14), o Ministério da Saúde divulgou a Nota Técnica nº 3/2022, solicitando à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a avaliação do uso de autotestes para detecção de antígeno (Ag) de SARS-CoV-2, com recomendação para comercialização nas farmácias e drogarias.

No documento, a Pasta destaca a Lei Federal nº 13.021/2014, que considera as farmácias e drogarias como unidades de assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária.

Por essa razão, o farmacêutico terá o papel fundamental de orientar as pessoas, em caso de resultado positivo, quanto ao isolamento e à necessidade de confirmação do diagnóstico em uma unidade de atendimento de saúde. Em caso de resultado negativo, a orientação deverá ser pautada na necessidade de continuar com os cuidados de proteção.

“Verifica-se a importância do profissional farmacêutico não apenas na venda do produto, mas na realização plena da atenção farmacêutica, assistindo o paciente antes e após a realização do autoteste”, explica Rafael Espinhel, advogado e presidente da ABCFARMA.

Para Espinhel, o autoteste é uma estratégia necessária neste momento devido à variante ômicron, altamente infecciosa, pois ajudaria a desafogar os centros de testagem do SUS, reduzindo a aglomeração nestes locais. 

“Além disso, consideramos a iniciativa de colocar a população como agente responsável, ou seja, fortalecendo sua responsabilidade social, essencial no atual contexto”, declara Espinhel.

A expectativa é de que a Anvisa aprove o autoteste a qualquer momento.

Veja também: Nissei tem aumento de 97% na procura por testes de Covid-19

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Raphaela Quintans

Raphaela Quintans é jornalista. Atua desenvolvendo conteúdos para o portal Revista da Farmácia e redes sociais.
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