Em entrevista com o presidente da RaiaDrogasil (RD), Marcílio Pousada, na última segunda-feira (19), o Estadão trouxe à tona um dos assuntos mais comentados do momento: a compra de vacinas contra a Covid-19 por instituições privadas.
Maior rede de farmácias do Brasil com 2,4 mil lojas, a RD teria chances de lucrar com a vacinação pelo setor privado. Contudo, o executivo entrevistado revela que não é hora de pensar nessa possibilidade, ainda mais que não há estoque nos laboratórios farmacêuticos para compras que não sejam feitas pelo governo federal.
Compras diretas com governo
“Os laboratórios não têm vacina (para a iniciativa privada). Fui falar com a Pfizer, temos relacionamento centenário com a Janssen. Eles vão falar com o governo, que é o agente imunizador. Primeiro é o governo”, revela Pousada. Outro fator negativo de se entrar em disputa com a administração pública é a inflação sobre o preço das vacinas, o que não é nem um pouco interessante no momento.
Ainda segundo o executivo, o debate sobre a imunização pelo setor privado – clínicas particulares, empresas fazendo campanha para funcionários e farmácias – deve ficar apenas para o segundo semestre, após a finalização da vacinação dos grupos prioritários.
“O Programa Nacional de Imunização (PNI) é genial, poucos países do mundo conseguem vacinar na velocidade do Brasil – isso quando o PNI é bem organizado. Então, nós temos que apoiá-lo. Não acho que seja a hora de empresa vacinar, temos de vacinar os grupos prioritários, apoiar os esforços do governo. É isto que as empresas têm que fazer agora”, complementa.
Ações da RaiaDrogasil
Para apoiar a campanha, a RaiaDrogasil se aproximou da prefeitura de São Paulo para transformar as lojas em pontos de vacinação. “Quem vacina dentro do nosso espaço é o funcionário da prefeitura. Estamos superengajados em ajudar o governo a dar vacina, e não em sair comprando”, explica Pousada.
Outro ponto esclarecido pelo presidente da RD foram os aprendizados da companhia advindos da pandemia, como por exemplo omnicanalidade, que é deixar o cliente decidir se vai à loja ou se prefere ser atendido por telefone e WhatsApp. “Houve também uma ressignificação do que significa a farmácia, e isso ficou claro nos testes para Covid como um hub de saúde. Temos pessoal treinado para fazer os testes, e fizemos 7% do total. Agora estamos com a campanha de vacinação de gripe”.
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