Protocolo em Volta Redonda mostra potencial de nitazoxanida em tratamento precoce da Covid-19

Medicamento está sendo utilizado em pacientes com carga viral no período inicial da infecção, mas ainda não há comprovação científica da sua eficácia.
Protocolo de Volta Redonda usa nitazoxanida em pacientes leves de Covid-19
Foto: freepik

Desde o início da pandemia da Covid-19, muitos estudos estão sendo realizados em todo o mundo para tentar identificar tratamentos eficazes contra a doença. No Brasil, não tem sido diferente, e cientistas, médicos e farmacêuticas estão buscando opções para os pacientes infectados.

Um desses estudos têm sido coordenado por Edimilson Migowski, infectologista professor doutor da UFRJ, que está avaliando a eficácia da nitazoxanida no tratamento precoce da Covid-19. Ele, que já estuda a substância e sua ação sobre cepas de variados vírus há mais de dez anos, está realizando o trabalho em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em parceria com a prefeitura.

Protocolo de Volta Redonda

O tratamento está sendo realizando em pacientes com carga viral no período inicial da infecção, sem inflamações decorrentes do vírus, como, por exemplo, pneumonia, que buscam atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Após o registro, assinam um termo de consentimento e iniciam o tratamento com nitazoxanida. Até o dia 29 de setembro, 360 pessoas foram tratadas com a substância e não tiveram necessidade de serem internadas, sofreram intercorrências ou vieram a óbito. Mesmo com o aumento de notificações de casos, a cidade teve redução de internações e mortes na ordem de 70%.

Benefícios do tratamento

Segundo o infectologista, a nitazoxanida trouxe diversos benefícios aos pacientes, como a redução da produção de interleucina, que provoca a “tempestade” inflamatória; redução do metabolismo mitocondrial, ou seja, a capacidade de as células replicarem os componentes dos vírus; aumento da produção de Interferon, responsável por aumentar a capacidade do organismo de destruir células tumorais, vírus e bactérias; e ação direta no SARS-CoV-2, inibindo a síntese de uma proteína estrutural (“S”).

Ele explica ainda que as pesquisas negativas em relação aos efeitos da nitazoxanida foram resultados de testes feitos com pacientes que já apresentavam deficiência respiratória: “No tratamento precoce, o efeito é o mesmo de se colocar o colete à prova de bala para evitar o primeiro tiro. Na fase inicial da doença, o resultado é maravilhoso”.

Nitazoxanida

A nizatoxanida é um antiparasitário que age contra protozoários inibindo uma enzima indispensável à vida do parasita: a PFOR (Piruvato-ferredoxina Oxidorredutase). Sobre os vírus, atua na inibição da síntese da estrutura viral, diminuindo a quantidade e o ataque do vírus sobre as células.

Ao longo da pandemia, foi procurada com bastante frequência pela população devido aos rumores de eficácia em relação à Covid-19. Por isso, por um período de tempo e para evitar o desabastecimento no mercado, a Anvisa acrescentou esse medicamento à lista de produtos que exigem retenção de receita no momento da compra, encontrada na RDC 405/2020. Mas a regra mudou no dia 1º de setembro, quando a Agência constatou o fim do risco. Contudo, ainda é necessária a prescrição médica para a aquisição do produto em receituário de uma via.

Além disso, não há estudos científicos publicados que comprovem a eficácia da substância no tratamento da Covid-19.

Veja também: Johnson anuncia testes de fase 3 de candidata a vacina para Covid-19

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