O segundo dia do Fórum Abradilan de Desenvolvimento Empresarial esteve repleto de discussões importantes para toda a cadeia farmacêutica. Ao longo da manhã, foram trabalhados temas como a liderança feminina no setor, a importância de ter um bom seguro nos centros de distribuição, como fazer uma gestão seguindo indicadores de desempenho e as expectativas para o associativismo e as farmácias independentes.
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Mulheres no poder
O primeiro painel do dia contou com a presença de Ana Biguilin, diretora comercial da Neo Química; Erica Galloro, diretora comercial da Sandoz; Karen Carridoni, diretora comercial da Febrafar; e Gilmara Vicentini, diretora comercial da Triangulo Med, para falar sobre a participação das mulheres em cargos de liderança no setor farmacêutico.
Segundo Ana Biguilin, ainda que cada vez mais mulheres venham ocupando cargos de liderança, ainda é um desafio estar inserida em um ambiente predominantemente masculino: “Precisamos ter bastante jogo de cintura para estar à frente de uma equipe, por vezes composta por homens”.
A maior dificuldade é quando se está começando. Para Karen Carridoni, é preciso sim vestir algumas armaduras neste momento: “No início as coisas ainda são muito incertas. Com o tempo, conforme você vai mostrando seu trabalho e profissionalismo, é possível mostrar o seu outro lado, mais sensível e empático”.
Além disso, ainda existem algumas barreiras que precisam ser quebradas, como o preconceito enraizado com a gravidez e a conciliação com as tarefas domésticas. “Historicamente, as mulheres são vistas como frágeis e como prejuízo para a empresa quando decidem engravidar. Há quem acredite que não dariam conta de trabalhar em uma empresa e fazer as tarefas domésticas. Com a ajuda dos parceiros, elas são capazes de tudo. Além disso, cultura e educação fazem toda a diferença, e a mudança em ambas precisa ser gradual”, revelou Erica Galloro.
Gilmara Vicentini complementou: “Hoje em dia, temos bastante acesso às informações, podemos estudar e cada vez mais ser competitivas no mercado. Não precisamos ter medo, por exemplo, de negociar salários, como os homens fazem. Somos capacitadas o suficiente”.
Centro de distribuição seguro
Em seguida, foi a vez de falar sobre como fazer o seguro do centro de distribuição (CD), tema muito importante para distribuidoras e para farmácias que possuem um local como esse. Participaram do painel Victor Garibaldi, diretor de Novos Negócios da MDS Group; Vinicius Dall’ovo, gerente executivo da Abradilan; Marco Aurélio, diretor executivo do Grupo MTF; e Leandro Pereira, diretor financeiro da A Nossa Drogaria.
Victor Garibaldi explicou quais são os fatores que determinam o valor da apólice de seguros: classe de risco, tipo de construção, atividade desempenhada, localização, sistemas protecionais, históricos de seguros e sinistro, informações sobre operação, manutenção e gestão: “A empresa deve informar tudo, para que, caso haja algum dano, a seguradora consiga ajudar integralmente. Além disso, é importante que, de três em três anos, haja uma inspeção para avaliar a situação do patrimônio”.
Marco Aurélio e Leandro Pereira deram seus depoimentos sobre a relevância de ter uma boa seguradora. As empresas em que trabalham sofreram incêndios nos centros de distribuição: em Goiânia, em janeiro de 2013, e no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, respectivamente.
“Quando fizemos o seguro, lá em 2013, não tínhamos noção do quanto ter um bom corretor é essencial. Essa pessoa vai te explicar todos os detalhes, evitando deixar de fora pontos que muitas vezes não são vistos como importantes, como contabilizar as empilhadeiras e a parte elétrica”, afirmou Marco Aurélio.
Gestão com indicadores
O terceiro painel do dia abordou o uso dos indicadores de performance pelos associados da Abradilan. Os indicadores – chamados de IGA – foram criados pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Participaram Nelson Barrizzelli, professor da FIA; Ivan Coimbra, diretor-executivo da Abradilan; e Luiz Alberto, do Grupo Acripel (associado da Abradilan).
Nelson e Ivan revelaram os indicadores: produtividade, prazo médio de compra, dias de estoque, prazo médio de vendas, inadimplência, colaboradores, venda por canal e venda por tipos de produtos. “Com base nos resultados mensais enviados pelas distribuidoras, fazemos o estudo levando em consideração os indicadores de desempenho e devolvemos os dados para cada uma delas e para a Abradilan de forma sigilosa. Assim, elas conseguem definir o melhor plano de ação”, explicou o professor.
Luiz Alberto falou sobre a experiência com os indicadores na sua empresa: “O IGA nos ajuda a adotar métodos e metas que podem melhorar nosso negócio. Como os dados são enviados mensalmente, é possível fazer o acompanhamento e ir ajustando o que não está dando certo”.
Expectativas para associativismo e independentes
O último painel do dia reuniu Paulo Paiva, vice-diretor da Close-up International da América Latina, Edison Tamascia, presidente da Febrafar, e Luis Carlos Marins, presidente da Ascoferj, para falar sobre a realidade e as expectativas das farmácias associativistas e independentes.
A discussão começou com Paulo Paiva falando sobre o crescimento do número de farmácias nos últimos 21 anos: em 2000, eram 38 mil, enquanto atualmente já são mais de 91 mil. Destas, aproximadamente 50 mil são conhecidas como “sobreviventes” por serem consideradas pequenas e não fazerem parte de nenhum grupo. Contudo, segundo Luis Carlos Marins, a oportunidade de expansão é muito grande.
“A população está envelhecendo e sendo usuária de medicamentos, e os jovens também estão tendo doenças mais cedo. Além dos medicamentos, a farmácia vende produtos para ampliar a qualidade de vida e prevenção, questões que ganharam força recentemente. É preciso ter assertividade no mix de produtos, aliando o bom atendimento e a tecnologia – uma barreira para as independentes, que não conseguem financeiramente estar ligadas a algum grupo associativista”, comentou Marins.
A Febrafar, por exemplo, cresce acima da média do mercado (17% contra 11%), e possui muitas opções para ajudar as associadas. “Temos estratégias para saber se o mix está correto, se a estratégia de precificação está correta, entre muitas outras. Esses são pontos fundamentais para farmácias pequenas que precisam impressionar o cliente durante o atendimento”, disse Edison Tamascia.
Em relação às categorias, muitas são as oportunidades. Os não medicamentos, por exemplo, já representam mais de 31% do faturamento da Febrafar, que possui uma equipe trabalhando especificamente para o desenvolvimento dessa categoria.
Paulo Paiva comentou ainda sobre a projeção do mercado de vitaminas: “Estimamos que, caso a pandemia da Covid-19 esteja ativa em 2022, a demanda por vitaminas seguirá com índices parecidos ao do ano passado, mas um pouco menores (aproximadamente 133,4 bilhões de unidades)”.
“É preciso estar atendo às tendências de mercado, que no mundo de hoje mudam quase que diariamente. As farmácias precisam buscar conhecimento constantemente para tomar suas decisões”, finalizou o presidente da Ascoferj.
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