O Fórum Abradilan de Desenvolvimento Industrial chegou ao fim nesta quinta-feira (21). Os painéis do último dia trouxeram informações essenciais para o crescimento do setor farmacêutico, levando em consideração aspectos sociais das empresas e técnicos das operações, além da situação política e econômica do País neste fim de ano e em 2022.
Diversidade faz ambiente corporativo crescer
A primeira atividade do dia foi uma palestra com Cláudia Coragem, consultora de Relacionamento do Great Place to Work (GPTW), que falou sobre a importância de abrir as portas das companhias para colaboradores que representam as diferenças do povo brasileiro.
Segundo ela, é preciso desmistificar a ideia de que a discussão sobre diversidade se restringe apenas a gênero, orientação sexual e raça: “Ainda que o assunto tenha surgido na década de 1960, temos um extenso caminho a percorrer para verdadeiramente incluir as chamadas minorias. Precisamos ter em mente que idade [pessoas com mais de 50 anos], deficiências, classe social, maternidade e paternidade, religião, nacionalidade, condições psicológicas e saúde também são fatores que podem fazer o candidato deixar de ser contratado”.
A consultora explicou que, embora a necessidade de inclusão esteja cada vez mais em pauta, ainda ocorrem situações de preconceito e crimes diários contra mulheres – em sua maioria negras -, e pessoas do universo LGBTQIA+, por exemplo. Além disso, poucas são as pessoas destes grupos que conseguem assumir cargos de liderança ou terem salários equivalentes ao de homens que ocupam as mesmas posições.
“Os colaboradores precisam sentir que estão em um ambiente de confiança. Diversos estudos comprovam que as corporações que incluem a diversidade no seu quadro de empregados prosperam mais”, revelou Cláudia.
Outro ponto que vem ganhando bastante destaque é a questão do ESG – no português, Governança Ambiental, Social e Corporativa, que expõe as diretrizes que precisam ser seguidas dentro de uma corporação para que ela tenha um ambiente de trabalho saudável.
Alguns exemplos citados durante a apresentação foram cuidados com o ambiente e as relações de trabalho, valorização do capital humano, promoção da equidade, respeito aos direitos humanos, saúde e segurança no trabalho, confiança e ética e modelos de gestão baseados na transparência.
Parceria de sucesso entre distribuição e indústria
O segundo painel do dia contou com a participação de Eduardo Ragasol, CEO da Neogrid, Olegário Araújo, cofundador da In 360º, e Rérica Lins Guirelli, diretora de Trade Marketing da Neo Química, para debater sobre formas de aproximar a indústria farmacêutica e a distribuição visando aumentar a eficiência da operação.
Foi consenso entre os três profissionais que a principal maneira de alcançar esse objetivo é fomentando a troca de informações entre ambas as partes. “A comunicação assertiva entre a indústria e a distribuição é essencial para fazer a cadeia funcionar. Assim, conseguimos traçar estratégias para resolver problemas e encontrar oportunidades”, afirmou Rérica Lins.
Eduardo Ragasol relembrou os três tópicos que devem sempre ser discutidos: informações aprofundadas sobre estoque – quantos produtos estão nas prateleiras e nos armazéns, quantos estão em trânsito ou em produção; informações sobre o sell-out, que contribui para o giro/caixa da empresa, já que engloba construção do mix de produtos, quantidades, frequência e eficiência operacional de entrega; e informações sobre os preços dos itens disponibilizados.
Segundo Olegário Araújo, a transmissão dessas informações deve ser automatizada para garantir a precisão e a qualidade: “Precisamos que os dados estejam corretos desde o cadastro no sistema: ter uma boa descrição e o código de barras sincronizado são essenciais para a tomada de decisões”.
Política e economia brasileiras
Encerrando o Fórum Abradilan, Caio Megale, economista chefe, e Paulo Gama, analista político, ambos da XP Investimentos, apresentaram os cenários político e econômico do Brasil neste fim de ano e as perspectivas para 2022.
“Vivemos um momento de incertezas econômicas. Tivemos, até o primeiro semestre deste ano, um sobreaquecimento de demanda em diversos setores, o que resultou na queda da produção e do comércio internacionais e, consequentemente, gerou altos custos de energia elétrica, alimentos e gasolina. Agora precisamos reverter esses estímulos”, analisou Caio Megale. Outro ponto crítico da economia é a depreciação da taxa de câmbio, desvalorizada desde o início da pandemia em 4,5%, oscilando atualmente entre R$ 5,60 e R$ 5,70.
Paulo Gama explicou que a constante briga entre economia e política para tentar resolver a situação resulta na queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro às vésperas da próxima eleição, comprometendo cada vez mais o cenário.
O setor farmacêutico, por fornecer produtos e serviços essenciais, acabou não sendo tão impactado pela crise. Contudo, itens mais caros acabaram sendo comprados em menor quantidade e trocados por similares mais em conta.
Diante de tantas inconstâncias, inclusive tributárias – duas propostas de reforma estão tramitando no Senado atualmente – fica difícil para as pequenas empresas traçar estratégias de compras ou lançamentos de produtos para o próximo ano. As médias, de acordo com Caio, precisam fazer a gestão do caixa e ter estoques bem ajustados para enfrentar as flutuações econômicas que ainda virão.
Veja também: Primeiro dia do Fórum Abradilan traz visão geral do mercado farma