Etarismo está presente no mercado de trabalho brasileiro

Pesquisa mostra que 86% da população acima dos 60 anos afirma ter enfrentado algum tipo de preconceito no mercado de trabalho.
Pesquisa mostra que 86% da população acima dos 60 anos afirma ter enfrentado algum tipo de preconceito no mercado de trabalho.
Foto: Divulgação
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No Brasil, são proibidas as práticas discriminatórias na seleção e nas relações de emprego, seja por idade, raça, deficiência ou outros fatores. Entretanto, embora seja contra a lei nº 9.029/95 colocar limitadores de idade em anúncios de contratação, ainda há empresas que fazem isso de forma indireta.

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Levantamento realizado pela consultoria de recrutamento e inovação Robert Half evidencia a presença do etarismo em processos de recrutamento e desenvolvimento profissional. A pesquisa “Etarismo e Inclusão 2023” ressaltou que 70% das organizações contratam muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos, e que esse público representa apenas 5% da força de trabalho das empresas brasileiras.

O etarismo pode se manifestar de forma sutil, em tratamentos diferenciados ou estereótipos. Pesquisa realizada pelo Grupo Croma, baseada em dados da Oldiversity, aponta que, pelo menos, cerca de 86% da população acima dos 60 anos afirma já ter enfrentado algum tipo de preconceito no mercado de trabalho, independentemente de suas habilidades e experiências. Casos de demissão ou a dificuldade na contratação também são consequências desse tipo de preconceito.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de idosos no Brasil deve triplicar até 2050. De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o etarismo contribui para a insegurança financeira e a pobreza, tendo impacto econômico e na saúde do indivíduo. Além disso, pode exacerbar o isolamento social, levando à solidão e à deterioração da saúde mental.

Medidas para combater o etarismo nas empresas

Para a SBGG, disseminar informações pertinentes ao tema, a fim de conscientizar a população sobre o assunto, é uma das formas mais adequadas no combate ao etarismo. A conscientização pode ser promovida por um sistema de compliance, responsável por estabelecer uma cultura organizacional ética, transparente e igualitária.

O trabalho pode ser feito por meio de treinamentos e políticas de não discriminação que abordem a importância de tratar todos os colaboradores com respeito e igualdade. As informações também podem ser incluídas no código de ética da organização.

A pesquisa “Etarismo e Inclusão 2023”, da consultoria Robert Half, também mostrou que 80% das organizações ainda não estabeleceram métricas para avaliar o sucesso de suas iniciativas de inclusão da diversidade geracional.

Por isso, a necessidade de entender o que significa compliance e implementá-lo, favorecendo o fortalecimento de uma cultura que valorize a diversidade e a inclusão. A integração de profissionais de diferentes idades pode contribuir com novas perspectivas, além de possibilitar atrair e reter mais talentos.

Questões de gênero tornam cenário ainda mais desafiador

A questão de gênero também influencia na contratação entre pessoas acima dos 50 anos. Depois dessa idade, as mulheres são ignoradas nos planos de sucessão de cargos nas empresas e passam a ser vistas como ultrapassadas e obsoletas, conforme relatam as lideranças femininas de diferentes setores em pesquisa publicada na Harvard Business Review.

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Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva, o etarismo é ainda mais evidente no público feminino. Um total de 78% dos entrevistados nota menos oportunidades para mulheres do que homens no mercado de trabalho e, para aquelas que são mães, o percentual é ainda maior: 88%.

Os resultados mostram que a problemática também se estende à população LGBTQIAP+. Entre as pessoas que enfrentam assédio, discriminação ou preconceito no trabalho, cerca de 70% dos casos não são relatados ao RH das empresas e, dentre esses, cerca de 29% das vítimas são mulheres e 30% são pessoas não-hétero.

Sobreposições de raça, gênero e identidade dificultam ainda mais a contratação. Por isso, a discussão sobre desigualdade de gênero nas empresas também pode estar presente entre as medidas de conscientização, a fim de combater esse tipo de discriminação.

Foto de Revista da Farmácia

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