O estresse do trabalho pode ser uma das influências para os altos índices de transtornos mentais identificados entre brasileiros. Discordâncias, esgotamento, clima organizacional ruim, carga horária disfuncional e burnout podem impactar a saúde dos colaboradores. Para se ter uma ideia, só no ano passado, mais de 209 mil pessoas foram afastadas de seus empregos por problemas relacionados à saúde mental, como ansiedade e depressão, segundo uma pesquisa realizada pelo INSS. Isso aponta que a recíproca também é verdadeira; o que acontece na vida pessoal pode influenciar o desempenho da companhia.
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Por isso, é importante as empresas estarem atentas ao bem-estar de seus colaboradores para que o trabalho não se torne um peso, e sim um sinônimo de mais qualidade de vida. “É um ciclo. A saúde dos colaboradores está ligada diretamente com sua satisfação pessoal e sua produtividade no serviço, e o que acontece na empresa também influencia como os colaboradores se sentem na vida pessoal. Os times de RH precisam estar atentos”, explica Letícia Bertaglia, analista de Recursos Humanos Sênior da Up Brasil.
A qualidade de vida se tornou, de fato, uma das prioridades dos trabalhadores brasileiros, principalmente depois da pandemia. Uma pesquisa da Up Brasil apontou que 94% dos profissionais avaliam o que a contratante oferece, além do salário, antes de aceitar ou mudar de trabalho, e benefícios ligados à saúde estão entre as exigências principais.
Para Letícia Bertaglia, que também é psicóloga, investir em programas de saúde ocupacional, ter lideranças atentas e buscar soluções direcionadas ao bem-estar individual, como a oferta de benefícios corporativos além dos tradicionais, pode ser um ótimo caminho para as empresas que se preocupam com a saúde mental dos funcionários. Ela separou algumas dicas para ajudar equipes de recursos humanos nessa jornada. Confira:
Acompanhamento psicológico
Muitas empresas, especialmente as de grande porte ou que contam com uma cultura organizacional bem definida, já costumam oferecer acompanhamento psicológico. “Ao adotar essa medida, a empresa transmite aos seus colaboradores a mensagem de que o seu bem-estar é, de fato, incentivado e valorizado, além de melhorar o clima da companhia”, comenta Bertaglia.
Espaço para feedbacks dos colaboradores
A comunicação transparente, eficiente e aberta é uma atitude simples que pode trazer grandes impactos na dinâmica dos times. Quando os colaboradores se sentem seguros para expressar seus pensamentos e dar sugestões, eleva-se a confiança da equipe. Dessa forma, o grupo consegue encontrar soluções em conjunto para os problemas, com discussões saudáveis e resolutivas.
Capacitação das lideranças
Nem sempre é fácil, nem mesmo para os líderes, colocar em prática as soluções em prol da saúde mental no trabalho. Muitas vezes não está claro que confiança e fidelidade entre empresa e colaborador se constroem com o tempo, com pequenas mudanças cotidianas. O ponto-chave para resolver essa questão é a capacitação das lideranças.
Por meio do treinamento adequado, os gestores devem aprender a adotar as medidas necessárias com naturalidade. Ao reconhecer a importância e os verdadeiros benefícios da saúde mental dos colaboradores, eles passarão a conhecer melhor os membros de sua equipe.
Volume adequado de trabalho
Entre os principais motivos que geram estresse e problemas no ambiente corporativo estão o volume de trabalho excessivo e as extensas cargas horárias. Isso sobrecarrega os colaboradores, que se sentem cansados, desmotivados e desvalorizados. A empresa deve acompanhar de perto o volume de trabalho de cada setor. Dessa forma, é possível identificar as áreas que exigem a contratação de novos funcionários, por exemplo, e quais contam com membros em excesso, para realizar o remanejamento necessário.
Eventos dedicados à saúde mental
É interessante que os colaboradores tenham acesso a auxílio, conhecimento e orientação sobre saúde mental no trabalho por meio de palestras recorrentes e eventos de conscientização. Com isso, a empresa consegue demonstrar sua compreensão e acolhimento para que, nos momentos difíceis, em que o colaborador se sente mais vulnerável, ele saiba como agir e a quem recorrer, sem sentir culpa ou se sobrecarregar.
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