A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o primeiro tratamento para pacientes adultos com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) avançado com alteração genética do ALK e que já não respondem às terapias-alvo de primeira e segunda geração utilizadas para mutação. O medicamento se chama Lorbrena (Lorlatinibe), da Pfizer.
A diretora médica da Pfizer Márjori Dulcine comenta o novo tratamento: “A aprovação de Lorlatinibe no Brasil é um grande avanço no tratamento do câncer de pulmão positivo para ALK e representa uma esperança para esses pacientes, que até então não contavam com opções específicas e eficazes de tratamento depois que os inibidores de tirosina quinase de primeira e segunda linha fracassavam”.
Lorlatinibe
O medicamento, já aprovado nos Estados Unidos e União Europeia, é um potente inibidor de tirosina quinase de terceira geração. Passa a ser a primeira e única terapia-alvo para pacientes que tiveram progressão do câncer de pulmão associado à ALK mesmo após a utilização dos outros dois primeiros inibidores.
“Utilizando um software de modelagem por computador, os cientistas sintetizaram as moléculas de Lorlatinibe com base na estrutura conhecida das células tumorais do pulmão. Com isso, foi possível chegar a um tratamento altamente dirigido para o câncer de pulmão positivo para ALK”, diz Márjori.
Estudos clínicos
Nos Estados Unidos, o medicamento foi licenciado pela Food and Drug Administration (FDA) após resultados positivos em estudos clínicos. Os pacientes experimentaram uma taxa de sobrevida livre de progressão da doença de 5,5 meses. Além disso, 48% dos casos apresentaram redução parcial ou total dos tumores.
“A taxa de resposta dos tumores ao Lorlatinibe é um ponto de destaque, sem dúvida. Mas esses pacientes também tiveram o alívio de sintomas ao câncer de pulmão, o que se reflete em uma melhora no bem-estar físico, emocional e social. Isso significa que, além de prolongar a vida, estamos contribuindo para que as pessoas possam viver melhor”, afirma a diretora.
Outro benefício do medicamento é o tratamento de metástases cerebrais do tumor, presentes em grande parte dos pacientes com câncer de pulmão positivo para ALK tratados anteriormente com outros inibidores de tirosina quinase. “O cérebro é protegido por uma barreira altamente seletiva denominada barreira hematoencefálica, que a maioria dos medicamentos não consegue transor (ou transpor?). Lorlatinibe, porém, pode atravessar essa estrutura e agir sobre as células tumorais do cérebro”, destaca a médica.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão ainda é o tipo de neoplasia que mais provoca mortes em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projeta um total de 30 mil novos casos por ano entre 2020 e 2022.
Esse câncer pode apresentar duas formas: tumores de células pequenas (CPPC) e de não pequenas células (CPNPC). Aproximadamente de 3% a 5% dos pacientes do segundo tipo apresentam alterações no gene ALK10, o que pode gerar tumores pulmonares em pacientes que nunca fumaram.
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