O portal de notícias G1 noticiou, nesta terça-feira (8/9), que os testes clínicos de fase 3 da vacina contra Covid-19 desenvolvidos pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca foram interrompidos após um dos voluntários no Reino Unido apresentar reação adversa que pode estar vinculada à vacina. O paciente teve mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal, de acordo com o jornal “The New York Times”.
Contudo, nesta quarta-feira (9), o secretário de saúde do país, Matt Hacock, informou que esta não é a primeira vez que os testes da vacina foram suspensos: “É obviamente um desafio para esse ensaio clínico específico. Não é, na verdade, a primeira vez que isso aconteceu com a vacina de Oxford”.
Ao ser perguntado se a suspensão implicaria em um atraso no processo, ele explica que não necessariamente, pois tudo dependerá da investigação. A MHRA, agência que regulamenta medicamentos no Reino Unido, já está revisando os testes com urgência em parceria com o Centro de Vacinas de Oxford para definir se a farmacêutica pode retomá-los.
Doença inesperada
Em nota, a universidade e a AstraZeneca informaram que suspensão dos ensaios clínicos é um procedimento padrão que acontece sempre que uma doença inexplicável surge em um dos participantes. Além disso, a doença pode acontecer por acaso, sem que haja relação com a vacina, mas que é fundamental realizar uma análise para checar.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela autorização dos testes no Brasil, informou ter sido avisada sobre a suspensão: “A agência aguarda o envio de mais informações sobre os motivos da suspensão para analisar os dados e se pronunciar oficialmente”. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também foi avisada pelo laboratório britânico e vai acompanhar os resultados das investigações para se manifestar oficialmente.
Reação adversa
O jornal “The New York Times” informou que a mielite transversa é uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal e pode ser desencadeada por diversos motivos. O veículo atribuiu o dado a uma pessoa próxima do caso, que falou sob condição de anonimato.
A informação foi a mesma obtida pela pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo: “Eu consegui falar com a Inglaterra assim que a informação saiu, mas nós sabemos que houve um caso de uma manifestação chamada mielite transversa, que é uma manifestação clínica – muitas vezes autoimune – atribuível a várias doenças. É uma manifestação neurológica que pode evoluir com perda temporária, parcial ou grande, afetando a medula humana, e isso pode estar ou não relacionado à vacina”.
Informações da Clínica Mayo, uma das maiores dos Estados Unidos, revelam que a doença interrompe as mensagens que os nervos da medula espinhal enviam por todo o corpo. Isso pode causar dor, fraqueza muscular, paralisia, problemas sensoriais ou disfunção da bexiga e intestino. O problema pode ser causado por infecções e distúrbios do sistema imunológico que afetam os tecidos do corpo e também por problemas da mielina, como a esclerose múltipla.
Veja também: Estudo preliminar indica que vacina russa para Covid-19 induziu resposta imune e não teve efeitos adversos