A franquia Farmais reestruturou-se e está de volta ao mercado depois de um período difícil e de muita turbulência com a falência da holding que administrava a rede, a Brasil Pharma, em 2019. Um grupo de 34 franqueados comprou a marca, fez mudanças profundas no modelo da rede, planeja multiplicar o faturamento de R$ 720 milhões para R$ 2 bilhões com seu plano de expansão e prevê uma futura abertura de capital. Nesta entrevista, conversamos com o sócio e novo presidente, Ricardo Uemura. Leia a seguir.
Revista da Farmácia: O que levou os franqueados a concluírem que investir na marca ainda seria um bom negócio depois da falência da holding que administrava a Farmais em 2019?
Ricardo Uemura: Nós sabíamos que a marca era – e continua sendo – muito forte e que estava sendo mal trabalhada. Ficamos abandonados por muito tempo e, com isso, os franqueados foram muito afetados. Sentíamos que a gestão não ia bem e começamos a nos preparar, mas sem saber o que iria acontecer. Quando realmente foi decretada a falência, os franqueados ficaram ainda mais abandonados e começamos a nos organizar, pois além da marca ser muito forte, existia um amor dos franqueados, o que nos uniu e fortaleceu ainda mais nossa marca.
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RF: Como resgatar a credibilidade perdida no mercado para que seja possível atingir a meta de 50 novas unidades abertas ainda neste ano?
Ricardo Uemura: Fizemos uma grande reorganização durante esses 18 meses desde a aquisição da marca. Rodamos todos os estados e ouvimos quase 95% do franqueados. Fizemos ajustes no que estava ruim para o franqueado, criamos serviços que não tínhamos, colocamos a Farmais novamente no mercado e, com isso, conseguimos voltar a ter credibilidade com os franqueados. Temos que recuperar o tempo perdido. Na nova gestão, já acumulamos 25 novas unidades e estamos focados em atingir nossa meta ainda este ano.
RF: A Farmais tem dívidas adquiridas no período em que foi administrada pela BR Pharma?
Ricardo Uemura: Compramos somente a marca Farmais, sem nenhum passivo. Não compramos nada além da marca e tivemos que começar tudo do zero novamente. Não veio nenhum passivo da antiga gestão.
RF: Até 2023, a meta é alcançar R$ 2 bilhões de faturamento, com 500 pontos de venda. Como a direção da rede planeja atingir essa meta?
Ricardo Uemura: Estamos buscando novos franqueados de conversão, ou seja, farmácias independentes que precisam de ajuda para disputar o mercado com grandes redes e que ainda são muitas no Brasil todo, e novos investidores. Temos estrutura e conhecimento de suporte para todos os tipos de empresários e já estamos em negociações em vários estados.
RF: Como vocês estão se preparando para entrar no mercado de ações?
Ricardo Uemura: Estamos estruturando a Farmais desde o começo para poder crescer de forma organizada e preparada para um futuro IPO. Para isso, contamos com grandes consultorias especializadas que nos auxiliam nesses assuntos.
RF: Que diferenciais a Farmais está oferecendo para superar a concorrência com outras franquias?
Ricardo Uemura: Estamos trazendo tudo o que há de mais moderno no mercado. Sabemos das dores que o franqueado sente, pois também somos franqueados e isso é um dos nossos pontos fortes. Temos trabalhado com empresas especializadas no nosso segmento, o que nos dá mais segurança na reorganização da Farmais. Outro ponto forte é que somos fissurados em tecnologia e estamos fazendo muitos investimentos nesse sentido, criando uma Farmais preparada para o digital.
RF: Atualmente, os modelos de associativismo e licenciamento parecem ganhar mais terreno do que a franquia? Isso poderia significar que o varejo farmacêutico prefere modelos mais flexíveis?
Ricardo Uemura: Hoje o associativismo e licenciamento estão em destaque, pois temos poucas franquias expressivas no mercado nesse segmento. O modelo de franquia ainda é um excelente negócio, pois temos todas as regras de franchising e podemos ser flexíveis de acordo com o mercado e a região onde estão nossos franqueados.
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