Na última quarta-feira (14/10), a Close-up International promoveu o Close-up Outlook Digital 2020, evento da empresa de auditoria do setor farmacêutico a nível mundial. Realizada totalmente online, a mesa-redonda reuniu diversas lideranças de entidades que integram o canal farma para discutir situações e insights sobre o momento atual de pandemia e as consequências disso.
A conversa foi mediada por Paulo Paiva, vice-presidente Latam Close-up International, e teve a participação de executivos como Edison Tamascia, presidente da Febrafar; Ivan Coimbra, diretor executivo da Abradilan; Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma; Oscar Yazbek, diretor executivo da Abafarma; e Sergio Mena Barreto, diretor executivo da Abrafarma.
Mudanças trazidas pela Covid-19 e futuro
Após sete meses do início da pandemia, é possível notar muitas mudanças em todos os elos da cadeia farmacêutica. Foi necessário agilizar mudanças há muito tempo pedidas pelo setor, como, por exemplo, a utilização da prescrição digital, da telemedicina e também uma facilitação na aprovação de processos regulatórios da Anvisa.
Edison Tamascia revelou que sua maior preocupação é dar prosseguimento a essas modificações: “Todos os novos processos foram feitos de forma provisória e, com a vacina, podemos retroagir ao lugar em que estávamos em 2019. Atualmente vivemos um novo modelo de saúde que se mostrou totalmente eficiente e que funciona”.
Já Ivan Coimbra se mostrou mais otimista quanto ao futuro pós-Covid: “É natural que haja um retorno a alguns modelos que eram realizados antes da pandemia, mas o setor nunca conversou tanto quanto agora e esses temas relevantes têm estado presentes nas discussões, o que impede um retrocesso. As mudanças fazem bem para o sistema como um todo, não apenas para um elo específico”.
Atuação da Anvisa
Um ponto bastante mencionado pelos executivos foi a agilidade na atuação da Anvisa, que também se mostrou mais aberta às conversas com as entidades. Nelson Mussolini destacou a importância dessa ação mais ativa: “Nós conseguimos aprovar estudos clínicos de vacinas em 15 dias. A partir disso, entendemos que é possível aprovar outros estudos sobre outras doenças na mesma velocidade, trazendo um desenvolvimento técnico e científico”.
Mudanças refletem no consumidor
Uma das maiores preocupações do setor nesses sete meses são os consumidores e as suas experiências dentro das farmácias e drogarias. Para Sergio Mena Barreto, os clientes sairão com valores bastante diferentes depois da pandemia: “Algumas farmácias localizadas nos centros de grandes cidades sofreram muito durante o período mais crítico do isolamento social, pela ausência de trabalhadores. A dinâmica foi totalmente alterada, e as farmácias de bairro ganharam força”.
O diretor executivo reafirmou que não há nada mais simbólico do que os quase um milhão de testes rápido para detectar a Covid-19: “O teste simboliza o protagonismo do cliente no cuidado de sua saúde. Antes, ele buscava no Google informações sobre a doença, agora ele tenta soluções. Por isso, as vendas das categorias de suplementos subiram e as de doenças crônicas foram retomadas. Atualmente, o consumidor está mais consciente e quer que a farmácia entenda a jornada da sua doença e tenha as respostas de que ele precisa”.
Digitalização do consumidor
Além disso, Sergio Mena Barreto explicou que a mudança no pensamento do cliente gera, consequentemente, uma transformação na farmácia: “Os consumidores não querem mais esperar. Eles buscam agilidade no processo de compra. Querem ter tudo resolvido o mais rápido possível. A farmácia precisa acompanhar, entender o cliente e passar a entregar o que ele espera”.
Insere-se nesse processo a digitalização do consumidor, que passou a entrar em contato com a farmácia por meio de aplicativos e mensagens instantâneas, tornando as interações mais objetivas e adequadas.
Reinvenção da distribuição
Não foram apenas as farmácias que precisaram se reinventar. A distribuição reorganizou suas atividades durante a pandemia, principalmente nos momentos mais críticos do isolamento social e de maior demanda do consumidor, que ocorreu em março e abril de 2020.
Ivan Coimbra explicou que o foco da Abradilan foi a logística da distribuição: “Fizemos um estudo para entender o período e vimos que a produtividade homem/hora cresceu 45% durante os piores meses da pandemia. Mesmo depois do ‘boom’, continuou 12% maior do que era antes disso tudo”, contou ele.
Agora o desafio das distribuidoras é olhar para “dentro de casa” e rever como poderão se inserir nas oportunidades que continuarem surgindo, fazendo conexões com os outros elos da cadeia farma. Oscar Yazbek complementou: “A distribuição acaba sendo a solução para os problemas da indústria e do varejo. Precisamos mostrar para ambos os setores que temos uma estrutura capaz de auxiliar em todos os projetos que virão”.
Interação indústria x médicos
Em relação ao setor da indústria, Nelson Mussolini falou sobre o crescimento da interação entre os propagandistas e os profissionais médicos por meio das reuniões virtuais. Para ele, no pós-pandemia, as visitas presenciais serão intercaladas com as virtuais. Contudo, o foco deverá ser no conteúdo.
“A visitação médica precisa se adaptar à nova realidade, indo direto ao ponto e apresentando a informação principal. Para isso, estamos [Sindusfarma] abrindo cursos de contato digital para mostrar como conversar com o médico. Temos que treinar as pessoas”, concluiu Mussolini.
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