Automedicação em tempos de Covid-19

Segundo a OMS, mais de 50% da população mundial utiliza medicamento de forma incorreta.
Automedicação em tempos de Covid-19
Foto: freepik

Medo, amplo acesso à informação e baixo nível de conhecimento sobre o vírus aumentam a responsabilidade dos profissionais de farmácia que estão na linha de frente do combate à automedicação.

Estamos vivendo um momento delicado para a humanidade, em que muitas informações fidedignas e outras nem tanto emergem a todo o momento, em diversos meios de comunicação, trazendo com isso uma confusão maior ainda ao caos que agora habita nossas vidas. Sim, estamos falando de SARSCov-2 (Covid-19).

Porém, um mau hábito mundial torna este momento mais drástico do que deveria: com o amplo uso das mídias sociais e os diversos meios de comunicação e buscadores digitais existentes, aumentou em muito o número de pesquisas por tratamentos e sintomas de doenças, ampliando o uso indevido de medicamentos e tornando a automedicação um problema para o usuário e para todo o mundo.

Somam-se a esse fato agravantes como a instituição da quarentena, a dificuldade de consultar médicos e o medo, que para muitos é desesperador, de frequentar hospitais, clínicas e consultórios. Todos esses fatos associados à crença de que basta uma pesquisa para descobrir qual medicamento poderia resolver seus problemas geram, além dos danos ao usuário, uma falta generalizada de medicamentos.

No Brasil, mais de 20% das intoxicações ocorrem por uso indevido de medicamento e, como sabemos, isso pode gerar uma série de problemas para o usuário, causando desde uma alergia ou uma intoxicação até a fatalidade.

Assim sendo, podemos destacar alguns dos problemas mais frequentes causados pela automedicação, por exemplo:

  • Processos alérgicos gerados principalmente pelo uso de analgésicos;
  • Antiinflamatórios que causam edemas, vermelhidão e prurido e podem gerar também aceleração dos batimentos cardíacos, da pressão arterial, vômitos e morte.

Outros medicamentos podem levar à resistência bacteriana, como os antibióticos, ou à dependência química, no caso dos psicotrópicos.

Além desses fatores, ocorrem ainda interações medicamentosas que podem ser prejudiciais ao usuário, aumentando ou anulando a ação de algum medicamento de que já esteja fazendo uso. Em crianças e idosos o dano causado pode ser maior, com o comprometimento ou até mesmo a inutilização de algum órgão.

Além desses problemas, temos agora uma nova situação: a busca incessante por medicamentos que podem supostamente “curar” a Covid-19, pois, a cada informe divulgado pela mídia sobre medicamentos que estão sendo avaliados para o tratamento da referida doença, ocorre uma onda desnecessária de pessoas em busca dos produtos. Isso provoca um consumo elevadíssimo de medicamentos sem qualquer orientação de um profissional médico ou farmacêutico e, ao mesmo tempo, gera um desabastecimento do mercado, dificultando o acesso à medicação de quem realmente necessita utilizá-la.

Muitos dos medicamentos em teste são destinados a outras enfermidades, e seus usuários frequentes agora penam para consegui-los. É o caso da ivermectina, que, tendo sua possível ação no auxílio ao tratamento de Covid-19 divulgado, sofreu uma queda drástica dos estoques existentes nas farmácias e drogarias por ação dos indivíduos que imaginam estar protegendo-se do vírus. A procura elevada deixa centenas de pessoas que precisam desse medicamento para tratar doenças específicas em completo desespero para encontrá-lo, e nesse caso incluem-se os pacientes de Covid-19.

Muito mais do que comercializar medicamentos, a farmácia tem a tarefa de lidar com todo esse novo processo de leitura e interpretação das pessoas sobre saúde, medicação e qualidade de vida.

Leia: CFF faz comunicado aos farmacêuticos sobre uso de cloroquina e hidroxicloroquina

Porém, o Brasil vem demonstrando, a exemplo de outros países, que existe uma solução simples para minimizar esses fatos, pois com a publicação da resolução 586/13, que regulamenta a prescrição farmacêutica no Brasil, abriu-se caminho para a evolução tanto da profissão farmacêutica, como também para um novo entendimento sobre farmácias e drogarias, visto que para o farmacêutico prescrever deve-se, pelo menos, ter uma área reservada para tal, o que certamente ocorrerá dentro do ambiente das farmácias.

Cabe ressaltar que essa resolução veio reafirmar um hábito mundial, o de procurar primeiro a farmácia antes de ir ao médico, sendo o farmacêutico, na maioria das vezes, o primeiro profissional de saúde a entrar em contato com o paciente.

Na Rede Farma Hall, todos os nossos profissionais estão comprometidos com essa responsabilidade e investimos constantemente em processos de desenvolvimento que acentuem esse envolvimento com um padrão de atendimento que visa sempre à saúde, segurança, comodidade e ao bem-estar das pessoas.

Para concluirmos, ratificamos a importância da consulta com o médico ou o farmacêutico para o uso adequado da medicação, evitando assim o uso incorreto de medicamentos que poderão vir a causar danos à saúde do usuário.

Veja também: Ministério da Economia divulga orientações às farmácias durante pandemia

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