Médicos de todo o Brasil que estão atuando em unidades de saúde que prestam assistência a casos suspeitos e confirmados de Covid-19 denunciaram ao Conselho Federal de Medicina (CFM) milhares de inconformidades na infraestrutura de trabalho pública e privada.
Os dados fazem parte do primeiro levantamento feito pelo CFM após o lançamento da plataforma online exclusiva para médicos com inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Entre 30 de março, quando foi lançada, até o dia 6 de maio, 1.563 profissionais acessaram a base.
Principais falhas que aparecem nas denúncias
A queixa recorrente está relacionada à falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), itens considerados obrigatórios para o enfrentamento da epidemia. Do total de formulários, pelo menos 1.585 denunciaram a falta de máscara N95 ou equipamento equivalente. Também foi reportada a falta de aventais (1.417 relatos), óculos ou protetor facial (1.215), máscara cirúrgica (1.038), gorro (697) e luvas (496).
Em relação a insumos, exames e medicamentos, os principais relatos foram sobre a ausência de kits de exame para Covid-19, com 937 denúncias. Também foi registrada a falta de medicamentos (697), de material educativo de prevenção contra o coronavírus (592), de acesso a exames de imagem (439), de material para uso em UTI (326) e de material para curativo (193).
A falta de equipes de enfermagem (enfermeiros e técnicos) também foi uma das queixas mais frequentes: 974 formulários apresentaram o problema. Outros 590 notificaram carência de médicos, 349 indicaram fragilidade em equipes de apoio (limpeza e cozinha) e 310 denunciaram a falta de profissionais como fisioterapeutas.
Também bastante presente nas denúncias é a falta de material para higienização correta. Pelo menos 702 profissionais indicaram a falta de álcool em gel e 502, a falta de álcool 70. Itens como papel toalha (411), sabonete líquido (396) e desinfetante (240) também estão em falta nas unidades de saúde.
Por fim, as falhas no processo de triagem também foram alvo de queixas dos médicos: falta orientação aos pacientes e acompanhantes (706), e informação para os profissionais (704). Além disso, a dificuldade em encontrar leitos de UTI adulto (315) e de internação hospitalar (257) também foi reportada.
Mortes por coronavírus
Outro ponto relatado nas denúncias é o número de óbitos que estão correndo por Covid-19. O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, fala sobre o assunto: “Os resultados permitem inferir uma associação estatística entre a quantidade de denúncias apresentadas pelos médicos e o número de óbitos e de novos casos notificados em cada um dos estados. Isto é, onde há mais médicos atuando contra a epidemia, é naturalmente maior o número de denúncias, que também acompanham o volume de casos existentes e, consequentemente, de óbitos”.
A região Sudeste concentra o maior número de denúncias de médicos, com 947 (44%). É a região com o maior número de casos novos (74.727) e de óbitos (5.830). Em segundo lugar, aparece a região Nordeste, com 28% das denúncias (611), novos casos (58.316) e óbitos (3.337).
Veja a tabela completa:
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