O Conselho Federal de Farmácia (CFF), em parceria com os 27 conselhos regionais, lançou a campanha “Saúde não é jogo”, para conscientizar a população sobre o uso descontrolado de medicamentos. A ação vai ao encontro do Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, comemorado no dia 5 de maio.
Para tentar entender o comportamento da população brasileira quanto ao uso de fármacos, o CFF realizou, em parceira com o Instituto Datafolha, uma pesquisa para avaliar esse critério nos últimos seis meses.
O levantamento foi feito entre os dias 13 e 20 de março de 2019, em todos os estados do País, com pessoas maiores de 16 anos. A partir disso, pôde-se constatar que 77% dos brasileiros têm como hábito se automedicar. Quase metade dos pesquisados (47%) faz isso, pelo menos, uma vez por mês, enquanto 25% usam medicamentos sem supervisão médica todos os dias ou, ao menos, uma vez por semana.
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Conheça alguns dados do levantamento
Um dos dados mais impressionantes descobertos com a pesquisa foi o alto número de pessoas que se automedicam a partir de uma prescrição médica. Nesses casos, a pessoa se consultou com um profissional da saúde, mas alterou a dose receitada por ele. Cerca de 57% dos entrevistados admitiram o comportamento, sendo a maioria homens (60%) e jovens de 16 a 24 anos (69%).
A justificativa para essa alteração foi o fato de os entrevistados acreditarem que os medicamentos fizeram mal ou que a doença já estava controlada (37% pensaram dessa forma). Outra justificativa foi o preço elevado dos produtos, o que fez cerca de 17% da população diminuir as doses.
Outro ponto observado é que 22% das pessoas entrevistadas tiveram dúvidas sobre a dose e as contraindicações na bula, e cerca de um terço deles não procurou esclarecê-las. Entretanto, as fontes mais escutadas ainda são os médicos, sendo seguidos da internet, da bula e dos farmacêuticos.
Ficou claro também que a automedicação é mais presente entre o público feminino, já que 53% das entrevistadas afirmou que utiliza medicamentos por conta própria, pelo menos, uma vez ao mês.
Entre as regiões do País, a que se mostrou mais consciente quanto à importância de consultar um profissional de saúde antes de comprar um medicamento foi a Sul, onde 29% dos entrevistados afirmaram seguir essa linha de pensamento.
Questões como quais são os medicamentos mais utilizados, de que forma são adquiridos e como são descartados também foram incluídas na pesquisa. Para acessar o resultado completo, acesse aqui.
Importância dos farmacêuticos na campanha
O presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, explica que contar com o auxílio de profissionais antes de usar medicamentos por conta própria é muito mais seguro. “Vamos trabalhar para que a população entenda que ela tem ao seu alcance, nas farmácias, um profissional da saúde especialista em medicamentos, que é o farmacêutico. Muita gente não sabe, mas o farmacêutico pode inclusive prescrever os medicamentos isentos de prescrição (MIPs)”.