A distribuidora Profarma realizou, na tarde desta quinta-feira (7/5), um webinar para falar sobre como a gestão de categorias será impactada pela pandemia da covid-19. Estiveram presentes Adriano Prado, VP de Distribuição da Profarma; Ana Vidal, gerente de Categoria da Profarma; Shelida Barsella, diretora Trade Marketing CH da Hypera; Rodrigo Kurata, diretor Pharma/Rx & Consumer Health da IQVIA; e Maria Fernanda Poblacion, head Trade Marketing de Nutrição Infantil da Nestlé.
Panorama geral da situação
Segundo a IQVIA, o Brasil ainda está em uma curva ascendente de número de casos de infectados e óbitos, enquanto a curva de interação entre médicos e pacientes vem diminuindo. Isso mostra a importância do uso da tecnologia e de outros setores da saúde. Por isso, as farmácias e drogarias estão ganhando cada vez mais espaço neste período de combate à pandemia.
“A farmácia começa a expandir seu papel perante a população brasileira, passando a ser a porta de entrada para o setor de saúde. Sua importância vem sendo cada vez mais explorada, principalmente nesses dois últimos meses em que houve desburocratização de serviços, como os testes rápidos e a campanha de vacinação. Acredito que, após a covid-19, haverá uma grande mudança no papel das farmácias, não apenas numérico como também qualitativo”, afirma Rodrigo Kurata.
Em relação à pandemia, o grande pico de demanda para esses estabelecimentos começou na terceira semana de março, e algumas categorias se estabilizaram no mês de abril. “Categorias como produtos de prescrição médica cresceram 10%, mas os MIPs são destaque, crescendo 20%, o que pode ter acontecido por conta da diminuição de interação com médicos e por serem vistos como prevenção. Itens de higiene e beleza já estão mais estabilizados”, afirma o diretor da IQVIA.
Categoria de MIPs
Shelida Barsella acredita que as pessoas estão buscando muito mais o autocuidado e a prevenção, e a farmácia, como ponto básico de saúde, acaba sendo considerada como a primeira opção de cuidado.
“Em um primeiro momento nessa crise, os antigripais cresceram. As vitaminas C e D, relacionadas à imunidade, também foram muito procuradas, assim como os analgésicos, por conta da preocupação que todos estão sentindo. Esse é um comportamento que vai permanecer no mundo pós-covid-19. Além disso, o serviço farmacêutico tem se tornado fundamental para as pessoas”, afirma a diretora da Hypera.
Categoria de alimentos e nutrição
Maria Fernanda Poblacion acredita que a categoria de alimentos terá um crescimento muito relevante por conta do canal farma: “As pessoas preferem ir às farmácias e drogarias por conta do acolhimento e da proximidade com o farmacêutico. Cerca de 70% do consumo dos nossos produtos vêm das farmácias”.
Entre as categorias mais buscadas nas farmácias estão a de nutrição infantil e a de suplementos. No acumulado de janeiro a abril de 2020, em todo o Brasil, a primeira cresceu 20% e a segunda, cerca de 40%.
Gestão de categoria e distribuição
Ana Vidal explica que, antes da pandemia, o Brasil estava iniciando a sua caminhada no aspecto da prevenção e dos cuidados que levam ao bem-estar: “Com a covid-19, esse comportamento foi acelerado. As farmácias, que são a fonte direta desses produtos, precisam pensar em como organizar esses itens nas gôndolas. É necessário saber exatamente como as pessoas vão ter acesso a eles”.
Adriano Prado relembra a importância da distribuição na relação entre os fornecedores, as farmácias e, consequentemente, os clientes: “Nosso papel é ser fonte de informação de como fazer um trade melhor, de como ter uma gestão de categorias melhor. E também garantir o abastecimento das farmácias”.
Farmácias independentes
O VP da Profarma revela que, neste período, percebeu uma mudança no seu mix de venda por conta da maior procura por farmácias independentes, aumentando o desafio de conseguir abastecer todas as lojas: “Nossos clientes também precisam estar atentos às mudanças de consumo, porque as pessoas que estavam acostumadas a comprar em lojas de redes em centros urbanos agora têm as mesmas necessidades, mas buscam as farmácias independentes”, afirma.
Todos os participantes acreditam que, mesmo após o pico da pandemia e a gradual volta à vida normal, os estabelecimentos independentes continuarão em evidência.
Tempo de compra e autosserviço
Shelida acredita que o autosserviço deverá ser repensado após a covid-19: “Mesmo que possamos sair nas ruas, diversos cuidados precisarão continuar a acontecer, o que impacta diretamente no tempo em que o cliente permanece dentro da loja”.
Kurata detalha mais a informação: “No acumulado do ano até abril, o OTC representa 45% do faturamento. Ainda que haja variações em cada região do País, de forma geral, esse tipo de produto costuma ser muito buscado. Ele precisa sair de trás do balcão, facilitando o seu consumo e atendendo às necessidades do cliente de forma mais eficiente e ágil”.
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